CDS-PP apresenta proposta para criação do Plano Integrado do Desenvolvimento das Fajãs de São Jorge

A Deputada do CDS-PP Açores Ana Espínola apresentou, esta quinta-feira, no Parlamento, uma iniciativa que recomenda ao Governo Regional que, no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio e em estreita colaboração com os Municípios da ilha de São Jorge elabore o Plano Integrado de Desenvolvimento das Fajãs.

Esta intenção dos populares açorianos foi anunciada em Fevereiro, aquando da realização de Jornadas Parlamentares dedicadas ao turismo e às Fajãs Jorgenses, tendo agora dado entrada nos serviços da Assembleia da Região.

Ana Espínola explicou como é que a sua bancada parlamentar pretende que este Plano Integrado de Desenvolvimento seja implementado: desde logo, “em estreita colaboração com os Municípios da ilha de São Jorge” e aproveitando a entrada em vigor do novo quadro de programação financeira comunitário 2014-2020 “reservando-se verbas significativas para a concretização do Plano”.

Os democratas-cristãos sugerem também que a implementação do Plano seja faseada, “visando recuperar, preservar e manter o valioso património das Fajãs, primeiramente, injetando capital na economia da ilha e criando empregos no sector da construção civil, investindo na consolidação das encostas, melhorando a segurança de pessoas e bens e as acessibilidades, sejam rodoviárias ou trilhos pedestres, e, numa segunda fase, recuperando e mantendo o valioso património ambiental e cultural”.

Por outro lado, acrescentou Ana Espínola, “considerando que a arriba das Fajãs dos Vimes e de São João, as Fajãs do Ouvidor, da Ribeira d’Areia, dos Cubres e da Caldeira do Santo Cristo já estão classificadas como Geossítios integrados no Geoparque Açores, entendemos que deve o Governo Regional desenvolver todas as diligências necessárias, no sentido da futura classificação das Fajãs da ilha de São Jorge como património mundial da UNESCO”.

O Grupo Parlamentar do CDS-PP entende que “estes ex-libris naturais são, nalguns casos, lugares de fertilidade agrícola ou piscatória que revertem a favor da economia insular”, sublinhando que “há um rendimento muito maior que se pode e deve retirar das potencialidades naturais que a Região oferece, nomeadamente ao nível do sector turístico”.

“Como exemplos da geodiversidade da ilha merecem especial destaque as imponentes falésias costeiras da ilha e as suas mais de sete dezenas de fajãs, que a natureza privilegiou com a presença do mar, o benigno clima, a fertilidade do solo, o valioso património cultural, a importante biodiversidade e os variados ecossistemas. As fajãs simbolizam a beleza natural e o isolamento que dominou parte da história da ilha e oferecem panorâmicas extraordinárias que são melhor exploradas tirando partido da rede de percursos pedestres existentes, mas muitos deles a necessitar de urgente intervenção de beneficiação, sinalização e limpeza. As lagunas costeiras da Fajã dos Cubres e da Fajã da Caldeira de Santo Cristo constituem-se como os elementos de geodiversidade mais peculiares da ilha de São Jorge e uma imagem de marca do turismo sustentável, de natureza e ambiental que os Açores devem almejar. A lagoa da Fajã da Caldeira de Santo Cristo, para além das características paisagísticas, é ainda o único local do arquipélago onde se produzem as famosas amêijoas de São Jorge, produto predominante na gastronomia local e com vasto interesse comercial. Neste local paradisíaco outro potencial enorme está a começar a ser aproveitado: a prática do surf”, descreveu Ana Espínola.

A Deputada popular eleita pela ilha de São Jorge destacou ainda “os microclimas que caracterizam muitas destas fajãs e a abundância de água proveniente de ribeiras e cascatas” que “favorecem o uso agrícola dos terrenos e permitem culturas de excelente qualidade e raras nos Açores, como é o caso do café, da banana, do inhame, bem como da uva produtora do típico vinho de cheiro”.

Ana Espínola salientou ainda que “com o passar dos anos, devido às crescentes exigências da modernidade e à vulnerabilidade aos caprichos naturais, diversas fajãs foram abandonadas pelos residentes”, apesar de “muitas permanecerem habitadas todo o ano, ou apenas em certas épocas, mormente associadas a festividades e atividades agrícolas”.

O CDS-PP entende que “as sucessivas derrocadas verificadas e a fragilidade da maioria das acessibilidades às Fajãs, o abandono do património edificado e das férteis terras de cultivo e as potencialidades naturais e turísticas destes ecossistemas carecem de uma intervenção urgente, mas devidamente pensada, visando assegurar o seu futuro e sustentabilidade”, pelo que apresentaram este Projeto de Resolução que seguirá agora os trâmites normais, ou seja, será analisado na Comissão Parlamentar competente antes de subir a plenário, o que poderá acontecer no mês de Setembro.

Ana Espínola terminou dizendo que “as recomendações que ora apresentamos a esta Assembleia não são nenhuma extravagância político-partidária. Esta proposta tem, quanto a nós, duas grandes virtudes e vantagens: permite estimular forte e ativamente a economia da ilha por via da recuperação de postos de trabalho e, a prazo, fará com que um património natural, histórico, cultural e económico seja potenciado em benefício da sua preservação e em nome de um desenvolvimento económico e social que urge recuperar em São Jorge”.

CDS-PP Açores/RL Açores