Oposição elogia petição contra a implementação dos Point of Care em S.Jorge e critica Governo Regional (c/áudio)

“A população da ilha de São Jorge rejeita os Point of Care” foi o título da petição apresentada esta quarta-feira no parlamento regional. Uma petição que reuniu 1454 assinaturas e que torna patente a indignação dos jorgenses face à implementação dos equipamentos em causa pela Secretaria Regional da Saúde. A oposição no parlamento regional elogiou a petição e deixou duras críticas ao Governo Regional, em particular à Secretaria Regional da Saúde e a Luís Cabral.

Na petição em causa, “a população da ilha de São Jorge exige que não sejam implementados os “point of care” como alternativa ao modelo atualmente em vigência;  que não sejam substituídos os laboratórios de análises por um sistema de recurso, incerto, duvidoso e eventualmente até mais oneroso; e que quem os governa, de Santa Maria ao Corvo, não deve contribuir para o aumento da clivagem de acessibilidades, mas deve investir para combater e atenuar as assimetrias.”

Os seus assinantes “entendem que o Governo Regional deve procurar melhorar os Centros de Saúde da Ilha de São Jorge, otimizando o seu funcionamento e a sua capacidade de resposta” e “solicitam a todos os deputados da Assembleia Legislativa Regional dos Açores que tomem as medidas necessárias para proteger a saúde dos jorgenses e de todos os açorianos em nome da igualdade e da justiça social.”

A oposição no parlamento regional não poupou elogios à petição e aos seus assinantes e teceu críticas ao executivo regional.

O social-democrata eleito por São Jorge, António Pedroso, afirmou mesmo que segundo o Secretário Regional da Saúde esta trata-se de uma medida economicista.

“Nas palavras do Senhor Secretário Regional da Saúde esta é uma medida economicista e que vai poupar cerca de três mil euros por mês”, frisou. No entanto, o parlamentar considera que para um idoso “é muito difícil” entender esta vontade do Governo em poupar este dinheiro, enquanto “o mesmo Governo não tem qualquer inibição em gastar 200 mil euros no apoio a um concerto de música de verão”.

António Pedroso questionou ainda o executivo regional no sentido de perceber “qual o critério de poupança que se utiliza na região?”.

Ana Espínola, deputada do CDS-PP eleita por São Jorge, considerou que “o Governo Regional não deve tirar os poucos meios que os médicos das ilhas sem hospital têm para auxiliar a estabelecer um rápido e correto diagnóstico”.

“O Governo Regional não pode mandar implementar equipamentos point of care para alcançar a sustentabilidade do Serviço Regional de Saúde fazendo isso à custa da diminuição da qualidade dos serviços prestados às populações das ilhas sem hospital”, afirmou a democrata-cristã.

Ana Espínola relembrou ainda que os açorianos das ilhas sem hospital, como é o caso de São Jorge, “não são açorianos de segunda categoria”.

Aníbal Pires do PCP deixou também duras críticas ao Governo Regional e à tutela da saúde na região. O deputado ironizou ainda que certamente em 2016, ano de eleições, as atitudes serão diferentes.

“A introdução dos point of care em São Jorge não corresponde, e isto é que é grave, a nenhuma estratégia regional para a saúde mas apenas a uma vontade de poupar dinheiro”, acusou o líder da representação parlamentar comunista.

Zuraida Soares do Bloco de Esquerda contestou também a implementação deste sistema numa ilha que nem Hospital tem, apontando este facto como uma questão de segurança para a população.

“Nós já não temos hospital, por favor não nos metam agora um kit point of care, porque nós precisamos de ter a segurança que um centro ou um laboratório de análises aberto 24h por dia nos dá”, palavras que a deputada do Bloco de Esquerda considerou virem nas entrelinhas desta petição.

Em São Jorge o sistema point of care irá funcionar entre a meia-noite e as oito horas da manhã nos dois centros de saúde da ilha e no restante horário em paralelo com os respetivos Laboratórios de Análises.

Liliana Andrade/RL Açores