Trabalhadores e administração da conserveira Santa Catarina têm feito um trabalho inexcedível para recuperação da fábrica, afirma Gui Menezes

O Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia afirmou esta sexta-feira, em Lisboa, que a fábrica Santa Catarina, na ilha de São Jorge, é “mais um exemplo do sucesso da aposta e da confiança que o Governo Regional sempre depositou na indústria conserveira e no saber fazer conservas nos Açores”.

Gui Menezes falava, em representação do Presidente do Governo, na apresentação da marca ‘Mestre Saúl’, uma nova linha de conservas gourmet da Santa Catarina, que decorreu no âmbito da campanha ‘Vamos conservar o que é nosso’, lançada pela Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP).

“Este é um dia simbólico para o percurso que a Santa Catarina tem vindo a fazer e quer continuar a fazer, nomeadamente a cuidar do património dos Açores, a zelar pela exploração sustentável de recursos e a acrescentar valor”, disse o Secretário Regional.

Gui Menezes afirmou que, “apesar das dificuldades, a Santa Catarina é uma das empresas conserveiras que mais tem inovado nos Açores e tem mantido a qualidade e a tradição da nossa conserva”.

Neste sentido, frisou “o trabalho inexcedível de recuperação desta empresa” por parte dos seus trabalhadores e da administração.

Gui Menezes referiu que o Governo dos Açores adquiriu a Santa Catarina, que está a celebrar 25 anos, e que “nunca deixou cair” esta conserveira, acrescentando que o Governo dos Açores “está e estará sempre comprometido nesta aposta”.

O governante destacou a importância da indústria conserveira na Região, onde existem atualmente quatro fábricas, referindo que “gera, em média, cerca de 60 milhões de euros anuais e é responsável por mais de 700 postos de trabalho”.

O Secretário Regional referiu ainda que este será “um ano recorde para a indústria conserveira” devido à situação de pandemia causada pela COVID-19, que fez aumentar o consumo de conservas.

Durante a sua intervenção, Gui Menezes destacou “a sustentabilidade da pesca do atum” na Região, referindo que, desde 1998, esta pescaria tem “acompanhamento científico”, através do Programa de Observação para as Pescas dos Açores (POPA).

Este programa é “responsável pela certificação das conservas açorianas e da pesca de salto e vara nos Açores com os selos Dolphin Safe e Friend of the Sea”, disse, sublinhando que a pesca de salto e vara “é, talvez, a pesca mais sustentável do mundo e que menos impacto tem no ambiente”.

O titular da pasta das Pescas lembrou que, “mais recentemente, também com o trabalho da fábrica Santa Catarina, da Associação de Produtores de Atum dos Açores (APASA) e do Governo Regional, “o atum dos Açores conseguiu a certificação Naturland”.

Trata-se de uma entidade alemã que defende práticas sustentáveis e é responsável pela certificação de produtos comercializados em mercados de alto valor.

“Esta é a imagem que queremos passar dos Açores e é uma imagem real”, assegurou Gui Menezes.

O Secretário Regional disse ainda que, “há a necessidade – e o Governo Regional tem feito essa pressão – de haver uma discriminação positiva em relação aos Açores no que respeita às quotas de pesca que vão ser discutidas em breve” em Bruxelas.

“Na realidade, considerando o [baixo] volume de capturas que fazemos e a forma como pescamos, penso que a União Europeia deve caminhar para privilegiar este tipo de práticas, a que hoje em dia os consumidores também dão importância, e que são fundamentais em termos de conservação dos oceanos”, frisou.

Neste sentido, referiu que o Governo dos Açores tem defendido a “diminuição” de dispositivos agregadores de peixe (FAD), usados na pesca do atum por cerco, e que “fazem alguma mossa nos recursos piscícolas”.

“Os Açores estão no limite de distribuição de muitas das espécies de atum e pensamos que esses dispositivos prejudicam a migração dos atuns, afetando as nossas capturas”, disse.

Gui Menezes lembrou ainda que, em 2017, o Governo Regional organizou, na Horta, a Conferência Internacional sobre Pesca de Atum com Salto e Vara, “para valorizar este tipo de pescaria mais tradicional e sustentável, que tem influência na qualidade do atum e, consequentemente, no preço de primeira venda”.

O governante adiantou que “um dos grandes projetos” do Executivo açoriano, que devido à COVID-19 sofreu atrasos na sua implementação, é a aposta na comercialização do atum fresco.

“O atum dos Açores tem excelente qualidade, nomeadamente o patudo e o voador, e é preciso valorizar estas espécies que são capturadas com salto e vara”, afirmou Gui Menezes.

GaCS/RL Açores