Acesso à Fajã de Santo Cristo poderá passar a ser pago

O acesso à Fajã da Caldeira de Santo Cristo, na ilha de São Jorge, poderá vir a ser pago, como forma de preservar a lagoa e as amêijoas ali existentes.

Esta é uma das propostas do grupo de cogestão adaptativa da apanha da amêijoa, que foram apresentadas, esta quinta-feira, ao Governo Regional.

“A cobrança da visita no parque e de diversos outros serviços associados da fajã da Caldeira de Santo Cristo podiam reverter, de uma forma ou de outra, para a própria manutenção da lagoa ou dos seus caminhos”, explicou aos jornalistas o presidente do Grupo de Cogestão Adaptativa, Nuno Pereira, após uma reunião na cidade da Horta, ilha do Faial.

Segundo explicou, o eventual controlo nas acessibilidades à Caldeira de Santo Cristo, através de entradas pagas, destinar-se-ia à conservação do estado da lagoa, o único local da região onde existem amêijoas, cuja apanha ainda não está regulamentada.

A Caldeira de Santo Cristo é um local recôndito, pertencente ao concelho da Calheta, na ilha de São Jorge, acessível apenas através de trilhos pedestres ou de mota, sendo muito procurado pelos turistas e pelos praticantes de ‘surf’ e ‘bodyboard’.

José Borges, da associação local de apanhadores de amêijoas, defende que a captura lúdica de amêijoa seja regulamentada na região, a exemplo do que já acontece, por exemplo, com a apanha de lapas na orla costeira das ilhas.

“O que foi proposto pelo grupo de cogestão é que seja regulamentada a apanha lúdica, como a que existe em relação às lapas, para que se possa apanhar, pelo menos, sete quilos por mês”, insistiu José Borges, admitindo que “o excesso da apanha lúdica está a prejudicar muito a amêijoa”.

O secretário regional do Mar e das Pescas, Manuel São João, também presente na reunião entre o Grupo de Cogestão Adaptativa, as entidades fiscalizadoras (Polícia Marítima, Inspeção Regional de Pescas, Inspeção Regional de Atividades Económicas) e ainda a Lotaçor, a Câmara do Comércio e Indústria e a Direção Regional do Ambiente, não se quis comprometer, no entanto, com nenhuma proposta.

“Os dados que serão entregues à tutela serão agora avaliados, por forma a que se prossiga neste processo participativo, com vista à publicação de uma portaria que fixe a cogestão da apanha na Caldeira de Santo Cristo”, justificou o governante, sem se referir, no entanto, a nenhuma das propostas em cima da mesa.

A Caldeira de Santo Cristo foi classificada, em 1984, como Reserva Natural pelo Governo Regional dos Açores, e mais tarde, como sítio de importância internacional, ao abrigo da Convenção de RAMSAR, que gere as zonas húmidas de importância internacional e os habitats de aves aquáticas.

Esta fajã é também, a par de outras na ilha de São Jorge, Reserva da Biosfera da Unesco desde 2016.