O Presidente do Grupo Parlamentar do CDS-PP Açores, Artur Lima, acusou, esta terça-feira, o Governo Regional socialista “de estar a implementar nos Açores a saúde apenas e só para ricos e para quem pode pagar”, criticando a nova tabela de reembolsos que amanhã (1 de Outubro) entrará em vigor e estabelecendo o paralelismo: “prevejo o regresso ao tempo de Salazar”.
Numa conferência de imprensa, junto à entrada principal do Centro de Saúde de Angra do Heroísmo, Artur Lima não teve dúvidas em considerar que, para o actual Secretário Regional da Saúde, o principal problema do Serviço Regional de Saúde (SRS) “são os doentes”, salientando que amanhã, dia 1 de Outubro, com a entrada em vigor na nova Portaria dos reembolsos “será um dia histórico para o SRS: vamos assistir ao maior atentado aos direitos dos doentes na Região”.
“Os doentes incomodam. Haver doentes nos Açores é um incómodo para o Sr. Secretário da Saúde. Portanto, ele decretou que a melhor maneira de poupar na saúde é impedir que os doentes se tratem. É um sério candidato a ganhar o Prémio ao Nobel da Economia. Mas decretou também que uma pessoa que tenha, por exemplo, um AVC só pode fazer duas sessões de fisioterapia. Arrisca-se também a ganhar o Prémio Nobel da Medicina, porque decreta a cura ao fim de alguns tratamentos”, afirmou.
Para o Líder dos populares açorianos a nova tabela de reembolsos representa “o fim do SRS defendido pelo PS”, ou seja, universal e tendencialmente gratuito: “Este Sr. Secretário é um misto de neo-liberal e soviético; por um lado, faz um ataque aos direitos dos doentes restringindo o seu acesso aos serviços e impondo quotas nos tratamentos; por outro lado, sovietiza a medicina fazendo um ataque sem precedentes à medicina privada”.
Assim, vaticina Artur Lima, “prevejo que se regresse ao tempo de Salazar, onde as pessoas ficavam em casa com o cobertor por cima da cabeça, sem vontade, sem ânimo e sem dinheiro para se tratarem. O que esse Sr. Secretário da Saúde quer é uma medicina para ricos, aliás foi por isso que foi aos EUA vender o turismo de saúde”.
O Presidente do CDS-PP entende que Luís Cabral “não quer tratar os Açorianos”, justificando a denuncia porque “ninguém pode tratar doentes, com seriedade, ética e dignidade, nas condições de sovietização da medicina privada que estão a determinar e sem dar respostas no serviço público”.
Neste sentido, Artur Lima exorta os “Açorianos a indignarem-se com este Secretário Regional, que copia o que de pior existe na República e transporta para cá e está a implementar, nos Açores, a um verdadeiro big brother porque, a partir de agora, as pessoas para virem receber um reembolso (de uns míseros euros) têm que vir com a declaração de IRS atrás. Qualquer dia este Secretário Regional vai decretar que para vir ao centro de saúde ou ser internado num hospital o doente terá que permitir o acesso à sua conta bancária”.
Os democratas-cristãos açorianos são pragmáticos: “A actual tabela de reembolsos tem mais de 20 anos. O que nós, CDS, sempre defendemos e propusemos foi uma actualização dos valores e a definição de regras de reembolso; nunca defendemos a restrição ao reembolso, como agora se decreta. É uma diferença conceptual muito grande”.
GP CDS-PP Açores