O Presidente do CDS-PP Açores, Artur Lima, lamentou, este fim de semana, que 40 anos de Autonomia política e administrativa tenham estimulado uma “sociedade de medo”, apelando aos jovens para que não se deixem intimidar pelas pressões de que são alvo “sempre que procuram um emprego ou um estágio” e que denunciem situações em que o “mérito e a excelência sejam trocados pela filiação partidária”.
No encerramento da II Universidade de Verão da Juventude Popular dos Açores, que decorreu em Santa Cruz das Flores, Artur Lima disse que “não esperava que, em 40 anos de Autonomia, o sentimento da sociedade fosse de medo, sobretudo, nos jovens que são fundamentais para dar um contribuo para o verdadeiro desenvolvimento dos Açores”.
Perante meia de centena de “jotas” populares de praticamente todas as ilhas, o Líder democrata-cristão afirmou que “esperava que a Autonomia pudesse ter contribuído para nos desenvolvermos mais do que os outros”, registando que, “infelizmente em algumas áreas detetamos que não é bem assim”.
“Celebramos este ano 40 anos de Autonomia. 40 anos é duas vezes 20: o PSD esteve 20 anos no Governo; o PS está a completar 20 anos de Governo. Há 20 anos atrás, no fim do ciclo do PSD, os jovens tinham medo, tinham receio, porque precisavam ser do partido do governo para arranjar emprego, precisavam estar inscritos na JSD ou no PSD para terem condição preferencial para arranjar emprego. Mudou para o PS e tivemos a esperança que tudo iria mudar. O que acontece é que 20 anos depois do PS, os jovens continuam a ter medo, continuam a achar que não podem dar a cara e continuam a recear dar a cara por outro partido, ou por outro projeto por causa de arranjarem um emprego ou um estágio”, criticou.
“Eu não esperava que em 40 anos de Autonomia o sentimento da sociedade fosse de medo, sobretudo, nos jovens que são fundamentais para dar um contribuo para o verdadeiro desenvolvimento dos Açores. Eu só tenho pena que todos eles, hoje em dia, com as ferramentas que têm, não se queixem dos casos que conhecem, deles ou de amigos, de como são excluídos injustamente de concursos de emprego”, acrescentou.
Para Artur Lima “enquanto nesta Região não se promover o mérito e a excelência e as pessoas forem recrutadas pelo seu mérito e não pela sua filiação partidária, os Açores vão continuar na cauda da Europa na saúde, na cauda da Europa na educação e na cauda da Europa na participação cívica”. Isto, prosseguiu o Presidente dos populares açorianos, “não abona nada a um regime que foi uma das melhores realizações da democracia em Portugal, a Autonomia”.
O Líder partidário e Presidente do Grupo Parlamentar do CDS vai mais longe e afirma que “nós, Açorianos, não soubemos realizar bem a Autonomia, porque, fundamental para isso, era que tivéssemos tido bons governos e isso não aconteceu”.
Artur Lima acentuou ainda que para além de não teros tido “bons governos” também estivemos vivendo “os perigos das maiorias absolutas consecutivas”, lembrando que “o melhor Governo dos Açores foi o do PS, entre 1996 e 2000, onde se conseguiram aprovar coisas extraordinárias para os Açorianos. Muitos já se esqueceram, mas é bom lembrar que, por não ter maioria absoluta e apesar de ter votado contra, foi em 1997 que se implementou nos Açores, por proposta do CDS, uma baixa nos impostos, com a introdução do diferencial fiscal”.
Neste sentido, Artur Lima apelou para que os Açorianos “deem força ao CDS” reforçando que “é bom que não hajam maiorias absolutas no Parlamento dos Açores”.
A vida precisa de mudança
Adolfo Mesquita Nunes, Vice-presidente nacional do CDS e antigo Secretário de Estado do Turismo, marcou presença na Universidade de Verão da JP/Açores e, no final, deixou uma reflexão: “Nenhum país, nenhuma região, nenhuma autonomia do Mundo se desenvolve sendo governada por 20 anos de maiorias absolutas de um só partido e de mais 20 anos de maiorias absolutas de outro partido. Todas as empresas, todas as associações, todos os partidos políticos e todos os governos precisam de renovação. Se os últimos 40 anos de Autonomia não foram melhores para os Açores foi porque só governaram 2 partidos, 20 anos, com maiorias absolutas, à vez”.
O convidado nacional da formação política aos “jotas” populares açorianos foi mais longe e salientou que “até na nossa vida diária precisamos de mudança”, pelo que, concretizou, “na nossa vida política também precisamos de mudança e é por isso que estamos aqui convictos que o CDS pode ser a força da mudança. Entre o PSD e o PS é o CDS que traz a novidade e que pode fazer a diferença para que os próximos 40 anos de Autonomia sejam mais plenos e com maiores progressos que os que se têm verificado”.
Adolfo Mesquita Nunes disse ainda ser “importante olhar para os Açores pensando em cada ilha com uma realidade única, conhecendo as suas especificidades e problemas”, registando o facto de “o CDS vir até às Flores e não se ficar por São Miguel ou Terceira, porque entendemos que os Açores vão muito para além daquilo que são só os problemas das ilhas maiores. Só estando cá podemos conhecer realmente os problemas destas ilhas que têm uma ultraperiferia reforçada e onde é preciso trabalhar mais para que estes problemas deixem de o ser. Não há problemas sem solução, desde que hajam deputados eleitos capazes de resolver estes problemas, e aqueles que até agora foram eleitos e não conseguiram resolver os problemas destas ilhas, não serão capazes de, futuramente, vir a resolvê-los”, advertiu.
Na Universidade de Verão da JP/Açores participarão ainda os professores Sérgio Ferreira e Paulo Rosa (que é o cabeça de lista do CDS às eleições de 16 de outubro pela ilha das Flores), Gabriela Silva, João Paulo Carvalho e os Presidentes nacional e regional da Juventude Popular, Francisco Rodrigues dos Santos e Alonso Miguel, respetivamente, bem como o Secretário-geral nacional da estrutura partidária de juventude, Francisco Tavares.
GI CDS-PP Açores/RL Açores