Atividade “Voar no Tear” irá ser desenvolvida em São Jorge

O Centro Regional de Apoio ao Artesanato pretende desenvolver o Projeto “Raízes” na ilha de São Jorge, com a atividade “Voar no Tear”, uma iniciativa e organização do Serviço Educativo do Museu Carlos Machado. Sendo, portanto, um projeto de organização conjunta entre o Centro Regional de Apoio ao Artesanato e o Museu Carlos Machado com a mobilização do Museu Francisco de Lacerda, da Casa de Artesanato da Fajã dos Vimes, da Cooperativa de Tecelagem de Nossa Senhora da Encarnação, alunos e professores de escolas de São Jorge.

O projeto pedagógico tem diversos objetivos, tendo em conta a abrangência da intervenção a que se propõe, com destaque para a valorização e divulgação de técnicas tradicionais de tecelagem a alunos, professores e comunidade em geral, na perspetiva de continuidade e de exploração de novas hipóteses criativas, bem como, para a importância dos museus enquanto espaços de conservação e divulgação dos instrumentos e etnotecnologias utilizadas em tempos passados identitários das artes e ofícios.

A RL Açores esteve à conversa com Alzira Nunes da Casa de Artesanato da Fajã dos Vimes. Alzira Nunes está ligada à tecelagem, em conjunto com uma irmã, já há 38 anos. Uma herança de família que espera que não se perca.

“Há 38 anos que eu e a minha irmã trabalhamos nos teares, trabalhamos por nossa conta”, contou Alzira. Esta era uma tradição que “já vinha de família”.

“Não gostaríamos que isto um dia acabasse”, afirmou Alzira Nunes, dizendo que deram continuidade a este trabalho, esperando “continuar a transmiti-lo a alguém que vá levando sempre por diante este tipo de tecelagem”.

Colchas, tapetes, naperons, panos de tabuleiro, toalhas são os trabalhos com maior destaque, feitos em lã e algodão como explicou Alzira Nunes.

Falámos também com Avelina Reis, sócia fundadora e presidente da Cooperativa de Artesanato Nossa Senhora da Encarnação, da Ribeira do Nabo.

Avelina Reis aprofundou a prática da tecelagem ao fundar a cooperativa.

“Antigamente os jovens não tinham muita saída e o que se aprendia era a fazer estes trabalhos, cursos de costura, de bordados e participei em cerca de 5 cursos da Educação permanente de bordados e foi quando entrei para a Cooperativa que aprendi a tecer”, contou Avelina Reis.

Avelina Reis salientou que para além dos trabalhos no tear fazem outros trabalhos na Cooperativa de Artesanato, como os bordados à mão e à máquina, as rendas, a trapologia e malhas.

De salientar que em São Jorge a prática da tecelagem ainda está muito viva, contando com duas casas destinadas a este fim, sendo, portanto, uma ilha rica em tradições. Tradições etas que tanto a Casa de Artesanto da Fajã dos Vimes como a Cooperativa de Nossa Senhora da Encarnação da Ribeira do Nabo esperam que nunca se percam.

Liliana Andrade/RL Açores