Votos de sucesso para a candidatura das Fajãs de São Jorge a Reserva da Biosfera e a assinatura da proposta final de candidatura, pelo Governo Regional, câmaras municipais da ilha, parque natural de São Jorge e o Comité Nacional do Programa Man and the Biosphere, marcaram a sessão de abertura do Seminário “Reservas da Biosfera – Espaço de Cooperação e Desenvolvimento” que decorreu esta quarta-feira na ilha.
É já no próximo dia 21 de setembro que será feita a entrega formal da candidatura das Fajãs de São Jorge a Reserva da Biosfera junto da Comissão Nacional da Unesco, seguindo posteriormente para Paris, onde está localizada a sede deste órgão.
A última fase da candidatura passa a partir daí por um período de análise, como adiantou Jorge Mesquita, da Comissão Nacional da Unesco.
A decisão, essa, será conhecida em março de 2016 no decorrer do Congresso Mundial de Reservas da Biosfera que se irá realizar no Perú.
Luís Neto Viveiros, Secretário regional da Agricultura e Ambiente, está expectante quanto ao resultado apontando as mais-valias que este galardão trará para a ilha de São Jorge e para a região em geral.
Contudo, não basta ser aceite, é também preciso saber e fazer por manter o estatuto da Reserva da Biosfera, como explicou Anabela Trindade do programa MAB (Man and The Biosphere).
Esta sessão ficou ainda marcada pela passagem do filme desta candidatura, da autoria de Paulo Henrique Silva, que mostrou a essência das fajãs, dos seus habitantes e pesquisadores e da própria ilha.
Autarcas da ilha acreditam que aceitação da candidatura trará importantes contributos a nível turístico
Os presidentes das autarquias das Velas e Calheta, Luís Silveira e Décio Pereira, respetivamente, demonstraram o seu agrado para com a finalização desta candidatura e mostraram-se igualmente expectantes quanto à decisão em março do próximo ano.
Luís Silveira salienta que é preciso que os jorgenses estejam preparados para receber os fluxos de turismo que a aceitação desta candidatura pode trazer.
O autarca apontou ainda as vantagens adjacentes para os produtos típicos da ilha que passarão assim a ostentar a marca Biosfera Açores.
Por seu turno, Décio Pereira destacou a importância das fajãs para a ilha de São Jorge, lembrando que é preciso continuar a fazer um trabalho de cooperação e coordenação entre as várias entidades, governamentais e não-governamentais.
São mais de 70 as fajãs espalhadas pela ilha de São Jorge e foram várias as pessoas que se dedicaram à pesquisa e estudo das próprias fajãs e do modo de vida das mesmas. Uma dessas pessoas é Clímaco Ferreira da Cunha, que salienta no livro que editou em 2014, “São Jorge e as suas fajãs”, que parte das fajãs da ilha “estão bem tratadas e cultivadas, continuando a despertar muito interesse” por parte da população local e dos turistas.
Neste seu livro, Clímaco Ferreira da Cunha refere que é habitual, praticamente, toda a gente ter “um bocadinho de terra nestes locais tradicionais, que passam de geração em geração”.
As fajãs da Caldeira do Santo Cristo e das Almas são das maiores e mais conhecidas em S. Jorge, de acordo com o autor, mas é a fajã de Além, na costa norte da ilha, a que mais preserva “a identidade e características das tradicionais fajãs”, uma vez que lá as casas continuam a ser de pedra e o acesso só pode ser feito a pé.
LA/RL Açores