CDS-PP defende navio estacionado em São Jorge para melhorar ligações entre as ilhas do Grupo Central

A Deputada do CDS-PP Açores Ana Espínola insistiu, esta terça-feira, na possibilidade de se estacionar no porto das Velas, em São Jorge, “um dos navios que asseguram o transporte marítimo no triângulo, para melhorar as ligações diárias com o Pico (e de forma intermodal com o Faial), bem como com o outro triângulo do Grupo Central que importa estimular: São Jorge-Terceira-Graciosa”.

No âmbito da discussão de uma iniciativa sobre articulação e intermodalidade de transportes aéreos, marítimos e terrestres na Região, Ana Espínola, que teceu várias e duras críticas às políticas de transportes, em particular entre as chamadas ilhas do triângulo, defendeu que o estacionamento de uma das embarcações (“Mestre Simão” ou “Gilberto Mariano”) em São Jorge “seria uma forma de diminuir custos e de tornar mais rápidas as viagens entre as ilhas do Grupo Central e, em particular, entre o Triângulo”.

“O CDS-PP já, nesta Casa, teve oportunidade de questionar o Secretário Regional dos Transportes sobre a possibilidade de, após a conclusão das obras de ampliação do porto comercial do porto de Velas, um dos navios que asseguram o transporte marítimo no triângulo pernoitar em São Jorge. Porém, a resposta foi que o Governo não se intromete em decisões operacionais das empresas de transporte. É pena que o Governo só se intrometa para nomear os seus administradores de eleição para estas empresas… Se não se intromete na gestão prova, portanto, que não tem política de transportes e acessibilidades definida, clara e objectivamente”, afirmou a Deputada.

Ana Espínola frisa que, mais do que “uma opção operacional”, a deslocalização de um navio da Horta para as Velas “é também uma opção política” que traria vantagens em termos de custos operacionais, mas, acima de tudo, “melhoraria as ligações diárias com o Pico (e de forma intermodal com o Faial), bem como com o outro triângulo do Grupo Central que importa estimular: São Jorge-Terceira-Graciosa”.

Mais uma vez, nem o Governo Regional, nem o PS, teceram qualquer comentário sobre esta questão.

Ainda no âmbito dos transportes marítimos entre as ilhas de São Jorge, Pico e Faial, a parlamentar do CDS-PP registou a existência de “rampas ro-ro, milhões de euros investidos em quase todos os portos desta Região, alegadamente para permitir uma maior mobilidade de passageiros e de viaturas, bem assim para um possível aumento do consumo interno dos produtos regionais, particularmente entre as ilhas do triângulo, mas que, desde de Novembro (ou seja há 5 meses) a sua operacionalidade está limitada (se não mesmo proibida) pelo lamentável incidente que vitimou um passageiro e que, vergonhosamente, embora já tenha sido aberto um inquérito para apurar responsabilidades, até agora não se conhecem responsáveis e consequências”. Para além de apontar os prejuízos para a operação da Transmaçor, Ana Espínola acentua que “por algo infelizmente semelhante altos responsáveis da governação do País apresentaram a sua demissão ou foram demitidos… Aqui o silêncio parece tentativa de afundar um assunto muito mal resolvido e esclarecido”, afirmou.

Os democratas-cristãos açorianos reconhecem que falar de transportes nos Açores sem falar no PIT – Plano Integrado de Transportes – apresentado há um ano, não faz sentido, pelo que são forçados a concluir que “as expectativas geradas” por aquele plano governamental “redundaram em mais uma vã intenção de implementar algo que até podia ter sido um bom plano”.

Ana Espínola elencou um vasto leque de lacunas na política de transportes na Região e um conjunto diverso de intenções que nunca se concretizaram no sentido a implementação do dito PIT.

“O PIT, que iria introduzir melhorias significativas nas acessibilidades dos açorianos, quer dentro, quer para fora das suas ilhas ou Região, culminou num mar de expectativas perdidas na neblina das ilhas. Temos um Secretário Regional dos Transportes, temos um PIT, temos empresas públicas de transportes, temos aviões novos, temos barcos novos… mas continuamos a ter quase sempre os mesmos problemas do passado. Ao maior conforto e segurança dos passageiros, por exemplo, nas viagens aéreas inter-ilhas, temos que somar as criticas de quase todas as ilhas pelos horários desfasados das reais necessidades sociais e económicas e os preços mais caros do Mundo por milha voada. Ao maior conforto e segurança dos novos barcos de transporte marítimo no Triângulo (que de vez em quando vão à Terceira, mas que nunca tocaram a Graciosa) temos que somar o mesmo tempo de viagem que os ‘velhinhos’ Cruzeiros, pois ao aumento dos custos operacionais, teríamos que adicionar uma exorbitância de combustível se se aumentasse a velocidade de cruzeiro”, apontou.

“O PIT havia de articular horários, preços e itinerários, porém, a inconstância de horários e itinerários das viagens marítimas nas ilhas do triângulo, que se regista durante o inverno, continua a não promover sequer a previsibilidade necessária para que se retirem proveitos efectivos destas viagens. A suposta articulação entre transportes aéreos, marítimos e terrestres que o PIT havia de implementar e promover, ainda hoje é bem surreal, na realidade… (e as redes sociais – que espelham as genuínas peripécias a que temos de nos submeter para conseguirmos articular transportes que nos sirvam efectivamente, provam-no, como podemos assistir, à pouco tempo, com um grupo de Deputados desta Assembleia que para conseguirem chegar a casa no mesmo dia tiveram de se socorrer de um táxi marítimo para consegui-lo)”, acrescentou.

A Deputada do CDS-PP referiu ainda “o Serviço de Bagagem e Carga Integrada (SBCI), proclamado pelo PIT, é outra boa invenção que não se torna em realidade! Este serviço permitiria a integração do despacho da bagagem entre o transporte aéreo e marítimo garantindo levantar a sua bagagem no destino final, aquando de uma deslocação intermodal, assim como a venda cruzada de bilhetes, possibilitando ao passageiro adquirir, numa única entidade, os bilhetes para todo o seu percurso”.

Em conclusão, Ana Espínola salientou que “todas as lacunas vigentes” levam a que se questione o Governo socialista “sobre o ponto da situação daquilo que se anunciou como uma ‘revolução silenciosa’ nos transportes da Região. Infelizmente de revolução sobram os sobressaltos e os ‘casos’… de silenciosa temos a comissão de implementação do PIT que, aparentemente, se tem limitado a silenciosamente receber os seus principescos ordenados. É tudo muito pouco para uma Região de nove ilhas separadas por 600 quilómetros de mar”.

GI CDS-PP Açores/RL Açores