
O Presidente do Grupo Parlamentar do CDS-PP Açores, Artur Lima, afirmou, esta quinta-feira, que “se o Governo Regional pagar à SATA aquilo que lhe deve” a empresa sai rapidamente da situação de “insustentabilidade financeira e operacional” em que se encontra, apontando ainda “a falta de uma efectiva e inequívoca política de transportes e turismo” de contribuir para esta situação de falência técnica.
“O CDS-PP tem vindo a alertar para as sucessivas más opções políticas que geraram péssimas decisões de gestão. Só que a cada alerta que fazíamos o Governo e o PS respondiam com particular agressividade, acusando o CDS de querer contribuir para o descalabro da empresa. O que é certo é que foi a gestão socialista da SATA que a conduziu à situação de insustentabilidade agora assumida pelo actual Conselho de Administração, que se vê a braços com uma empresa altamente endividada, com excesso de recursos e com problemas graves de operacionalidade”, afirmou.
“A falta de uma política de turismo e transportes clara e objectiva levou ao devaneio de se apostar em rotas altamente lesivas, pela sua pouca ou má rentabilidade, como as do Funchal ou da Europa. Usou-se a SATA numa tentativa desesperada de encher hotéis; mas usou-se mal. Nem se conseguiram dar respostas às acentuadas quebras registadas nos indicadores turísticos e, ainda por cima, atirou-se a SATA para o desequilíbrio financeiro e agravamento operacional”, acrescentou Artur Lima.
Num debate de urgência, promovido pelo CDS-PP, precisamente sobre o presente e o futuro da SATA, tendo por base o plano de reestruturação e negócios da empresa para o horizonte 2015-2020, os populares registaram que “a epopeia internacional da SATA, dos vikings aos sul-americanos, conduziu a empresa ao precipício financeiro e operacional”.
Para Artur Lima o “descalabro de gestão” da SATA iniciou-se na primeira metade da década passada “com o processo de renovação da frota inter-ilhas”: “Os novos aviões para a SATA Air Açores, os Dash Next Gen Q200 e Q400 da canadiana Bombardier, representaram um tremendo erro de gestão. O CDS-PP foi o único partido que alertou para este erro. Mas mais uma vez fomos desvalorizados pela maioria socialista. Quando se optou pelos aviões canadianos, pensou-se em alargar os horizontes da companhia, satisfazendo alguns caprichos dos administradores da empresa, em vez de se pensar na melhoria da prestação de serviço aos Açores e aos Açorianos. Com este negócio, compraram-se aviões hoje considerados ociosos, endividou-se desnecessariamente a companhia, desperdiçaram-se milhões de euros (porque existiam outras opções de financiamento e de frota), e não se melhorou substancialmente a prestação do serviço público aos Açorianos. Nem tão pouco, a tão anunciada maior eficiência das aeronaves, se repercutiu no preço das passagens pagas pelos Açorianos. Os objectivos dos administradores e dos governantes que representavam o accionista passavam pela Madeira, pelas Canárias, por Faro… não passavam pelos Açores”, disse.
O Líder da Bancada Parlamentar democrata-cristã prosseguiu dizendo que entretanto a companhia “precisava, também, de uma renovação profunda da sua frota de longo curso, que não foi feita, levando a gastos de milhões em manutenção. Pelo menos desde 2008, que o CDS vem alertando para essa necessidade – também agora reconhecida como urgentíssima pelo Conselho de Administração. Só que a aposta foi na degradação profunda da imagem da empresa e, por consequência, dos Açores, com todos os registos públicos de avarias, atrasos, cancelamentos e outros tristes episódios”.
Para Artur Lima “esta situação de insustentabilidade estava à vista. Só o PS não a quis ver. Agora, chegamos ao ponto em que para pagar ordenados a empresa recorre a empréstimos bancários, porque o Governo Regional não lhe paga o que lhe deve, e apresentam-se planos de negócios, reestruturação e sustentabilidade, com um horizonte temporal de cinco anos, que são propositadamente obliterados para esconder a verdadeira realidade da empresa”.
Também a apresentação do designado “Business Plan 2015-2020” aos Deputados, numa comissão parlamentar, foi alvo também das maiores críticas dos centristas: “É grave quando se omitem informações tão relevantes como a necessidade de dispensar colaboradores, reduzir a frequência de rotas, a urgente renovação da frota de longo curso, a reestruturação profunda de serviços e a inexorável exigência de que o Governo Regional pague o que deve. É grave quando se afirma que só mantendo os preços exorbitantes das passagens inter-ilhas (a que se somam as chorudas indemnizações compensatórias) é que se conseguirá assegurar a sustentabilidade financeira da empresa”.
No entanto, Artur Lima acrescentou que “mais grave ainda é usar os Deputados Regionais e a Assembleia Legislativa da Região para tentar branquear todos os erros do passado (erros que só ao PS se podem assacar responsabilidades) e tentar disfarçar a gravidade de algumas das medidas que terão que ser tomadas no futuro próximo. E pior é sonegar propositadamente informação aos legítimos representantes do Povo Açoriano. A medida pioneira e inédita (como propagava o Governo) de uma empresa pública vir ao Parlamento apresentar as suas linhas de orientação estratégica, afinal, como já se provou pelas famigeradas 251 páginas do verdadeiro Business Plan, foi uma lamentável manobra de ilusionismo. Veja-se o desplante: eu próprio interpelei, na reunião da Comissão de Economia, sobre a opção pelo tipo de avião que servirá as rotas de longo curso; foi-me afirmado que ainda não sabiam… Mas, afinal, a decisão pelo A330 já estava tomada há muito.”.
O CDS teceu “um veemente protesto à forma como o Governo Regional lidou com este assunto e tratou o principal órgão de governo próprio desta Região”.
Para o CDS-PP “a SATA é demasiado importante para ser gerida ao sabor do vento, continuando nesta turbulência política, ou melhor, de falta de política. O futuro da SATA passa por servir, em primeiro lugar, e sem tibiezas, os Açores e os Açorianos, estejam cá, ou na Diáspora”, afirmou Artur Lima.
Para além do mais, os populares entendem que só dois factores podem resolver os profundos problemas da SATA: “a definição de uma efectiva e inequívoca política de transportes e turismo e o Governo Regional fazer face aos seus compromissos financeiros para com a empresa”.
Como conclusão, e após a leitura do plano de negócios da SATA, Artur Lima diz ter dúvidas quanto à sustentabilidade da SATA Internacional com a opção do Governo Regional em liberalizar as rotas de Ponta Delgada e Terceira, alertando para as consequências, até porque não é possível baixar as passagens em concorrência e garantir futuro à empresa “ter que manter os preços exorbitantes das passagens” para “assegurar a sustentabilidade financeira”.
Os democratas-cristãos não têm dúvidas que “os Açorianos, que já pagam as passagens mais caras do Mundo, por milha voada, vão continuar a pagar as megalomanias aventureiras da SATA”.
GI CDS-PP/RL Açores