A Deputada do CDS-PP Açores Ana Espínola lamentou, esta quarta-feira, que, apesar do Governo Regional anunciar o “maior” Plano e Orçamento de sempre para 2015, “os problemas de fundo de São Jorge mantêm-se e agudizam-se”, estando a ilha por onde foi eleita “dia-a-dia a envelhecer e definhar”.
Numa intervenção, no Parlamento dos Açores, sobre as propostas de Plano e Orçamento para o próximo ano, Ana Espínola apontou críticas à política de transportes (aéreos e marítimos), saúde, apoio à habitação degradada, turismo e registou ainda a falta de concretização de promessas socialistas antigas como o porto do Topo, a sala de desmancha do matadouro ou a ampliação do cais comercial das Velas.
Ironizando a parlamentar popular considerou que “somos como os diamantes em estado bruto, só que, infelizmente, o nosso lapidador ainda não teve a capacidade de os trabalhar como as jóias raras merecem ser trabalhadas. Ou seja, exaltam-se discursos de promoção do desenvolvimento harmónico das ilhas, mas a prática política das governações socialistas rebaixam essas ilhas ao martírio do abandono, no caso das mais pequenas, ou a experiências mirabolantes importadas de outras paragens, no caso das maiores”.
“A pequena economia de São Jorge tem tentado sobrevier, a muito custo, aos infortúnios da sazonalidade turística. Este ano, é verdade, o número de dormidas aumentou; porém, o ‘bónus’ socialista a este bom desempenho dos operadores do sector é o pior horário de inverno da SATA. Cortaram-nos um voo à quinta-feira, bem como a capacidade de transporte de mercadorias e carga; em vez do Dash Q400 passamos a ter o Dash Q200; à terça-feira, embora haja dois voos, também são os Dash Q200 que fazem as viagens. E a carga para a exportação? O peixe que deveria sair o mais rápido possível? Fica em terra! Isto sem falar nas ligações a Ponta Delgada que, saindo na quinta de manhã de São Jorge, apenas se consegue lá chegar ao fim da tarde; já na ligação a Lisboa o horário de chegada é, no mínimo, indecente, sobretudo para quem tem outros destinos e ainda tem de apanhar outros meios de transporte”, denunciou.
No entanto, prosseguiu Ana Espínola, “se pelo ar não estamos melhor servidos, resta-nos a alternativa marítima – que faz parte da nossa história e, por essa razão, já deveria ter um horário regular que permitisse que os passageiros e os operadores turísticos pudessem contar com previsibilidade, mas não. Com barcos novos, com rampas novas e com PIT’s novos, o conselho é fazer como antigamente e ter um horário ou o contacto da agência de viagem sempre à mão. Os horários e os itinerários das ligações marítimas entre as ilhas do Triângulo são tão regulares quanto o tempo nos Açores: Um dia o barco sai às 9h30; noutro dia às 10h15; num dia vai para a Madalena; No outro escala São Roque; um dia pode levar carro; noutro já não pode; o horário de Outubro não é válido para Novembro e, em Dezembro, de certo que há-de ser diferente de Janeiro… Haja paciência! Passados todos estes anos de ligações marítimas e agora com um novo Plano (que se diz integrado, mas parece que só complicou mais ainda) a pergunta que passageiros e acima de tudo empresários colocam é para quando um horário de Verão e de Inverno regulares, sem constantes alterações? Como estão horários e itinerários não permitem a ninguém programar seja o que for, com nenhuma antecedência”.
Ainda na vertente dos transportes e na sequência dos anúncios sobre as novas obrigações de serviço público nas ligações aéreas entre os Açores e o Continente, a Deputada Jorgense perguntou “que medidas está o Governo a prever implementar para que estes novos turistas possam visitar as restantes ilhas?”, bem assim “se prevê aumentar o número de viagens marítimas, assegurar a sua regularidade, para os conhecidos triângulos do Grupo Central, maximizando o potencial turístico de cada ilha?” e se se “prevê manter a ligação Calheta-Angra no próximo ano?”. Todavia, não obteve qualquer resposta.
Barco estacionado em São Jorge
Ana Espínola, acentuando esperar que “finalmente se realize uma obra há muito prometida pelo PS para São Jorge, mas nunca concretizada: a ampliação do porto comercial”, sugeriu que “para que efectivamente haja um Plano Integrado de Transportes, reduzindo-se os tempos de viagens e consumos de combustível das embarcações”, um dos novos navios (Gilberto Mariano ou Mestre Simão) passe a pernoitar em São Jorge, mantendo-se as ligações Velas – S.Roque e Madalena – Horta e assegurando-se o transporte terrestre de passageiros entre S.Roque e Madalena e vice-versa. Apesar da inovação da proposta, mais uma vez a parlamentar não obteve respostas, nem do Governo, nem da maioria socialista.
Investimentos por concretizar
Noutra frente, Ana Espínola apelou à rápida concretização das obras nos troços de estrada Santo Amaro-Aeroporto, Manadas-Biscoitos, acesso à Fajã do Ouvidor e transversal Urzelina-Nortes, registando “ausência de verbas para a concretização da sala de desmancha do matadouro de São Jorge, obra que se teima em não fazer e que se reveste de uma importância fundamental para a economia da ilha”, bem como “ausência de verbas para a construção da rampa ro-ro na Calheta, pelo estado em que se encontram os caminhos agrícolas e os indispensáveis, mas ainda não concretizados, reservatórios de água”, lembrando “o trabalho árduo e exigente a que estão sujeitos os produtores de leite Jorgenses que produzem um queijo de excelência”. A Deputada do CDS-PP deixou ainda reparos “à ausência de verbas no sector da saúde para concretizar obras na Unidade de Saúde de Ilha” e à incapacidade do Governo, na área da solidariedade social, onde “tem inúmeros casos à espera de uma resposta para os apoios à habitação degradada”.
A Deputada salientou positivamente “o anúncio dos procedimentos concursais para a Escola Básica e Secundária da Calheta” e “o anúncio do projeto do Porto do Topo”.
Assim, concluindo, Ana Espínola diz que “os problemas de fundo de São Jorge mantêm-se e agudizam-se: na Saúde, impera o salve-se quem puder; no Turismo, os empresários das ilhas (que não a maior) continuarão a sofrer com a sazonalidade e a tentar manter os seus investimentos com o que ganham em apenas três meses de Verão; nos transportes aguarda-se com ansiedade que se acabem com as trocas e baldrocas de horários e itinerários. Enquanto nada se alterar as nossas ilhas pequenas vão perdendo os jovens, que procuram com esperança, um futuro com esperança noutras paragens. E é pena, porque São Jorge (à semelhança de todas as outras ilhas) é uma ilha com imensas potencialidades, com produtos únicos reconhecidos internacionalmente, mas que dia-a-dia envelhece e definha”.
CDS-PP Açores/RL Açores