O CHEGA denunciou que os Açores estão neste momento “numa encruzilhada” ao nível do emprego e que é importante qualificar e dignificar quem quer trabalhar, mas que muitas vezes tem de emigrar para conseguir ser valorizado pelo trabalho que desenvolve.
Numa intervenção sobre a Política Regional de Qualificação e Emprego, apresentada pelo Governo Regional, o deputado José Pacheco referiu que o diploma cria ferramentas de apoio e de incentivo, quer para a criação de emprego, quer para a qualificação.
No entanto, José Pacheco destacou “uma ambiguidade terrível” ao nível da qualificação. “Quando se fala em qualificação é um administrativo que vai à Universidade e passa a ser Senhor Doutor, mas continua desempregado. Não entendo esta qualificação assim. Entendo uma qualificação de pessoas que precisam de ter ferramentas, do que o mercado de trabalho está a pedir e que vai ao encontro desta qualificação. É esta qualificação que o Governo tem obrigação de criar”, referiu enquanto destacou que muitos jovens tiram qualquer curso – que não está adequado ao mercado de trabalho – mas que depois não têm emprego. Há também a falta de qualificação de muitos inscritos nos centros de emprego, “mas que não se querem qualificar e que ficam à espera que apareça o emprego ideal nessas condições”.
José Pacheco destacou também a falta de mão-de-obra, em determinadas profissões que vão desaparecendo, “devido à emigração porque vão para outros países ganhar muito mais”. O CHEGA lembrou, contudo, que o tecido empresarial açoriano talvez não tenha capacidade para pagar tanto, “mas temos certamente um tecido empresarial que pode e deve pagar com dignidade a quem trabalha”. Isto porque a desvalorização do trabalho “está a acontecer frequentemente e as pessoas não se sentem motivadas. Ninguém pode trabalhar arduamente apenas pelo ordenado mínimo e depois vemos os sinais exteriores de riqueza de alguns empresários. É isto que temos de começar a inverter”.
Para combater a falta de mão-de-obra há quem fale em importação de gente para trabalhar. No entanto, José Pacheco alerta que a mão-de-obra a importar não será qualificada, mas sim de pessoas que precisam de trabalhar. “Temos de saber dar esse acolhimento, mas se os empresários não querem pagar mais a quem está cá, o mais certo é pagarem menos a quem vem de fora por necessidade. Temos de ter esse cuidado. Temos de qualificar e dignificar quem quer trabalhar”, afirmou.
José Pacheco destacou que a legislação agora apresentada pelo Governo Regional acrescenta diversos apoios tanto para a qualificação como para a criação de emprego. “Não podemos é deixar que os açorianos vão trabalhar para outros países e nós tenhamos de importar mão-de-obra obra porque a nossa mão-de-obra está a desaparecer”, afirmou.
O CHEGA defende um equilíbrio e se não houver equilíbrio, não há emprego. “Nós temos continuamente de falar disto: da dignidade de quem trabalha seja o empresário, seja o trabalhador. Haja justiça, haja o abrir de olhos e melhorar mentalidades”, alertou José Pacheco que acrescentou que “quando se dá um apoio tem de se perceber quem são os gerentes das empresas porque eu conheço muitos casos em que o apoio não vai para quem trabalha”. O deputado deu o exemplo dos apoios governamentais para fazer face aos impactos da pandemia de Covid-19, “que em vez de serem aplicados para ajudar os trabalhadores, foram para enriquecer mais um bocadinho o dono da empresa”.
GI CHEGA/RL Açores