
As palavras do João – Por um Portugal competente, transparente e íntegro
Condenados que estamos a um governo da República incompetente para gerir a profunda crise que avassala o nosso país votando os portugueses a um nível de vida tão precário quanto indigno como já há décadas não se via em Portugal, o cidadão procura inteirar-se o melhor que sabe e pode do que esta gente anda a fazer a esta nação (e aos seus nacionais) com oito séculos de existência. Leis sem rei nem roque, propositadamente inconstitucionais, vêm aprovadas de uma pseudo – maioria safada e desacreditada de deputados que as faz para que o governo das mesmas cores, veladamente, consiga conduzir o país dentro dos carris que apenas servem o seu próprio comboio, não do povo, conduzindo a altivez, a arrogância, a teimosia e uma já “estupidez natural” que vai perpassando por todos os gabinetes do executivo, e que, em imagem lá fora, é a vergonha de todos nós.
Este Governo, que continua a ser um atentado à nossa inteligência, fez o jornalista José Gomes Ferreira vir à liça com um livro que intitula de “O meu programa de governo”, ele que é um homem que quando escreve sabe o que põe ao papel e que quando abre a boca sabe bem o que diz, apresentando-nos “propostas para uma economia mais produtiva e para uma sociedade mais equilibrada”.
Retirei de toda a matéria interessante que contém as 475 páginas que o jornalista escreve alguns pensamentos, que, do meu humilde ponto de vista, achei importantes e a reter, como o memorando da troika, segundo Gomes Ferreira, ser um “memorando diabolizado por muitos, ignorado por muitos mais, que teve o grande mérito de nos fazer olhar ao espelho, por uma vez, em muitas décadas de desvario”, adiantando a páginas tantas que “o erro crasso do Governo atual, que está agora a mostrar profundas consequências negativas, reduzindo o crescimento económico, foi não ter cortado logo assim que entrou em funções parte da despesa estrutural do Estado”. De relevar igualmente a opinião do escritor quando refere, e muito bem, que “este foi o Governo que, assim que entrou em funções em Junho de 2011, aumentou impostos, que no orçamento de 2012 voltou a aumentar impostos, que no orçamento de 2013 aumentou ainda mais impostos, de forma asfixiante. E que em cortes de despesa fez o mais fácil: cortar salários e pensões a eito nos escalões superiores”. E, acrescento eu, visando agora os escalões inferiores.
Uma chamada de atenção ainda à expressão “Acabar com a “central de negócios” no parlamento, que Gomes Ferreira usa, embora ressalvando não ser da sua autoria mas de um artigo de Paulo Morais, presidente da Organização Transparência e Integridade, um grande senhor, homem que dedicou a sua vida à luta contra a corrupção, é sobrevalorizada neste livro de leitura obrigatória, escrevendo a este propósito Gomes Ferreira que “todas as decisões políticas com impacto macroeconómico, a errada orientação da nossa economia, a acoplagem de grupos de interesses privados ao Estado pagador, dissimuladamente, tudo aconteceu com conhecimento, envolvimento, empenhamento de titulares de cargos políticos, em conjugação com interesses privados. Importa saber como aconteceu, com a ajuda de quem”- questiona.
Ler “O meu programa de Governo”, de José Gomes Ferreira, é pasmar com tanto desmando consequência de tanta incompetência de um grupo de meninos grandes convencidos e petulantes, que, à revelia de todos nós, portugueses, continua a acreditar ser o legítimo Governo de Portugal.
João Gago da Câmara