Crónica de Opinião – 05 de março de 2014

açores_radio_lumena_noticias_turismo_ilha_cronica_Mark_MarquesPORQUE NASCER FORA DA ILHA É OBRIGATÓRIO

Há cerca 25 anos deixaram de nascer crianças na Ilha de São Jorge.

Segundo os entendidos na matéria (que eu leigo não discuto), “um parto corre sempre bem até começar a correr mal”. Ou seja, há que ter todos os meios ao dispor para que tudo esteja assegurado e corra bem, e assim sendo, passou-se a nascer na Ilha Terceira, Faial ou São Miguel.

Vá lá, que ao menos os registos dos nascimentos são feitos como naturais da Ilha de São Jorge. Se assim não fosse em breve não teríamos “naturais da Ilha de São Jorge” seriam todos imigrantes.

Segundo os censos de 2011, “perdemos” cerca de 1000 habitantes nos últimos 10 anos.

Eramos cerca de 10.000, hoje são cerca de 9.000 habitantes.

Outros dados que revelam a nossa realidade, e que consegui apurar no SRE (Serviço Regional de Estatística) foram de que em 2010 nasceram 55 crianças, e no ano de 2011, nasceram 73 crianças. (registados na Ilha de São Jorge).

Abordo este assunto pela simples razão que de, ser pai/mãe em Ilhas como São Jorge, aquelas que os sucessivos governos intitularam de “Ilhas de Coesão” é sempre uma tarefa muito mais complicada, do que para aqueles que vivem na Terceira, Faial ou São Miguel.

Implica a saída da Ilha 3 ou 4 semanas antes da data prevista para o nascimento do filho(a).

O marido/companheiro ao acompanhar a esposa/companheira, tem apenas 15 dias de dispensa do trabalho por lei (tempo que nunca é o suficiente).

Fica sem “ganhar” ou seja sem salário, e a maioria das vezes os rendimentos do casal já são parcos.

Ou seja “constituir família” em Ilhas como São Jorge (e outras que não tem maternidade) é de facto uma opção que obriga a muito esforço, vontade e dedicação.

O governo ao longo dos anos, sobretudo em épocas de campanha eleitoral prometia aos nossos vizinhos da Ilha do Pico que iriam ter uma maternidade. Pois mas verdade é que hoje, as mães continuam a engravidar no Pico, e os filhos a nascerem no Faial.

Aos Jorgenses nunca nos prometeram uma maternidade. Por isso não nos “enganaram”.

O que era necessário mesmo, é que no âmbito do estatuto de Ilha de Coesão, e também seria uma forma de corrigir assimetrias, que fossem criados apoios de proteção especial para os casais que pretendem constituir família.

Deixo à reflexão da Senhora Secretária Regional da Solidariedade Social, bem como aos Senhores Deputados da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, sobretudo aos eleitos nas Ilhas de coesão, para que tomem uma iniciativa legislativa que atenue esta situação.    

Mark Marques  5.03.2014