O Conselho do Governo, reunido este domingo de forma extraordinária, declarou o estado de calamidade pública regional para os Açores devido ao incêndio tido no sábado no Hospital Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, que implicou a evacuação de todos os doentes da unidade hospitalar.
O objetivo da medida passa por agilizar e acelerar procedimentos, nomeadamente de contratação pública, que permitam ao HDES, normalizar, no mais curto espaço de tempo, a sua atividade.
A Força Aérea revelou que no domingo esteve empenhada em transportes médicos aéreos de doentes em resposta ao incêndio que deflagrou no Hospital do Divino Espírito Santo em Ponta Delgada.
Em nota enviada à comunicação social é revelado que foram já transportados oito doentes em três distintas missões que envolveram dois aviões.
Para a primeira missão foi ativada a tripulação do avião C-295M, em alerta permanente na Base Aérea N.º 4, na ilha Terceira, que transportou três doentes desde Ponta Delgada para as Lajes, numa missão que decorreu entre as 23h26 de sábado e a 01h25 da madrugada de domingo.
Já durante a manhã de domingo, de Lisboa partiu um avião Falcon 50 em direção a Ponta Delgada, para transportar para o Funchal, Arquipélago da Madeira, duas grávidas – uma de 36 anos e 32 semanas de gestação e outra de 30 anos e 29 semanas de gestação – e um doente. O avião Falcon 50 saiu dos Açores pelas 15h10 e aterrou na Madeira às 16h30, seguindo a bordo uma equipa de saúde militar do Núcleo de Evacuações Aeromédicas da Força Aérea, constituída por um médico e dois enfermeiros, por forma a garantir os cuidados necessários. (Fotografia da missão em anexo)
Já na noite de domingo, a tripulação do avião C-295M destacada na Base Aérea N.º 4 seria novamente ativada para o transporte de dois doentes desde Ponta Delgada para a Ilha Terceira, num voo que decorreu entre as 22h30 e as 23h00. Também neste transporte médico seguiu uma equipa de saúde da Força Aérea constituída por um médico e dois enfermeiros.
E entretanto, o Hospital de Ponta Delgada, nos Açores, afetado por um incêndio no sábado, já foi alvo de duas vistorias, mas ainda não há previsão para retomar o normal funcionamento na maior unidade de saúde açoriana.
A informação foi avançada pela secretária regional da Saúde e Segurança Social, Mónica Seidi, revelando que já foram realizadas “duas vistorias ao longo da tarde e da noite” de sábado, mas “será necessário fazer uma avaliação mais pormenorizada”.
O Hospital Divino Espírito Santo (HDES) foi atingido no sábado por um incêndio que obrigou à transferência de todos os doentes internados.
Mónica Seidi indicou que na altura do incêndio “estavam 333 doentes no Hospital” e “como o incêndio não se alastrou para as outras áreas foi possível dar 23 altas” e proceder “à transferência de 240 doentes”.
Os doentes críticos e graves foram transferidos para o hospital da CUF, na cidade de Lagoa, e os restantes para centros de saúde.
Além disso, foram transferidos para o Hospital da Horta, na ilha do Faial, 30 utentes que fazem hemodiálise e 26 utentes para o Hospital do Santo Espírito, na ilha Terceira.
Mónica Seidi explicou que do ponto de vista elétrico o Hospital do Divino Espírito Santo (HDES) está a ser assegurado “por dois geradores”, mas trata-se de “uma resposta transitória”.
Quanto aos utentes que estavam internados, na maior unidade de saúde dos Açores, a secretária regional da Saúde e Segurança Social lembrou que os doentes em situação mais critica foram transferidos para o hospital da CUF, na Lagoa, ilha de São Miguel, para unidades de cuidados intensivos e cuidados intermédios e também na neonatologia.
Foram também transferidas grávidas que estavam no Serviço de Obstetrícia do Hospital de Ponta Delgada e os restantes doentes para centros de saúde da ilha de São Miguel, com valência de internamento.
“Existem cerca de 110 doentes na sede da Unidade de Ilha de São Miguel, em Ponta Delgada”, detalhou à Lusa a governante.
Por outro lado, “e para garantir a resposta no Hospital da CUF, a nível dos cuidados intensivos, optou-se também por transferir, para o Hospital da ilha Terceira, três doentes que estavam admitidos nesse serviço, acrescentou Mónica Seidi, indicando que a unidade de saúde terceirense “ainda tem capacidade para receber mais doentes”, caso seja necessário.
O incêndio no Hospital de Ponta Delgada obrigou ao encerramento do Serviço de Urgência, Bloco de Partos e Bloco Operatório.
Quanto às duas grávidas irão para a Madeira, Mónica Seidi explicou que as utentes “estavam internadas” no Hospital de Ponta Delgada e “poderão eventualmente precisar de outro tipo de assistência”.
A titular pela pasta da Saúde nos Açores deixou ainda uma mensagem “de tranquilidade”, tendo assinalado que foi criada, no sábado, uma linha telefónica para prestar informações aos familiares dos doentes internados no Hospital de Ponta Delgada que foram realojados em outras unidades devido ao incêndio.
Essa linha funcionou no HDES até às 23:30 e já foram também divulgados, nas redes sociais, os contactos da Unidade de Saúde de Ilha de São Miguel.
GRA/AO/RL Açores
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