
“Estivemos à procura da sede da nova empresa de transportes marítimos dos Açores, resultante da fusão da Transmaçor com a Atlanticoline, mas não a encontrámos”. Foi com ironia que a deputada do Bloco de Esquerda no parlamento açoriano, que terminou esta quinta-feira a visita oficial à ilha do Faial, criticou o atraso do Governo Regional no cumprimento deste compromisso.
Um ano e meio depois da aprovação da proposta do BE que recomendava ao Governo a fusão destas empresas e a consequente transferência para a ilha do Faial da sede da administração, centro operacional e serviços administrativos desta nova empresa, “nada foi feito”.
Lúcia Arruda criticou também o Governo por ter nomeado um quadro partidário, de São Miguel, para dirigir os destinos desta nova empresa de transporte marítimo. “Não havia ninguém qualificado para assumir estas funções nas ilhas do triângulo?”, questionou.
A deputada do BE acusa o Governo Regional de “votar o Faial ao esquecimento completo no que diz respeito a investimento público”, apontando um série de obras que nunca saíram do papel: a segunda variante da Horta, as termas do varadouro, o cais de cruzeiros, e a ampliação do aeroporto. “São obras estruturantes que estão a condicionar o desenvolvimento do Faial”, lamentou Lúcia Arruda.
De acordo com Lúcia Arruda, os faialenses sofreram um grande retrocesso no seu direito de mobilidade com a entrada em vigor das novas obrigações de serviço público de transporte aéreo. Uma alternativa à actual situação é a criação de voos ‘charter’. Mas esta hipótese só será viável se a pista for aumentada.
“A situação social do Faial é muito preocupante, sendo que “prova disso são os números da Cáritas, que apoia cerca de 1500 pessoas”. Perante estes dados, a deputada Lúcia Arruda mostrou grande estranheza pelo facto de não haver qualquer criança sinalizada para ter acesso a refeições gratuitas em período de férias escolares. “Não faz qualquer sentido. Há qualquer coisa que está a falhar”.
O BE defende um novo modelo de desenvolvimento económico para os Açores, que tenha como um dos seus pilares fundamentais o aproveitamento das riquezas do mar dos Açores. Num momento em que a União Europeia aponta a economia do mar como o futuro da Europa, faz todo o sentido criar um Centro Internacional das Ciências do Mar e Alterações Climáticas nos Açores, que são o melhor laboratório natural da Europa para o estudo dos recursos marítimos.
Recorde-se que o BE conseguiu aprovar no Orçamento da Região para 2015 uma proposta para o início de negociações entre o Governo Regional e o Governo da República no sentido de se iniciar, no âmbito de um Projecto de Interesse Comum, a criação de um Centro Internacional para o estudo do Mar e Alterações Climáticas.
GI BE Açores/RL Açores