
“O Governo Regional não tem um plano para transformar os Açores numa economia moderna e robusta, não cumpre as suas promessas eleitorais mais emblemáticas e mais positivas para o futuro dos Açores, e tem prioridades erradas”, disse a líder parlamentar do Bloco de Esquerda na intervenção final no debate do Plano e Orçamento da Região para 2017, documentos que o BE considera “maus para os Açores”.
Zuraida Soares acusa o Governo de ter tranformado o debate do Plano e Orçamento numa “imensa sessão de propaganda”, ao tentar passar as ideias de que os açorianos têm mais 250 milhões de euros por ano do que quem vive no resto do País, que o Governo vai investir mais 82 milhões de euros na Saúde, ou que o poder de compra é mais elevado nos Açores.
A verdade é que os custos de viver nos Açores são muito superiores às compensações que os açorianos recebem, a verdade é que metade do aumento do investimento na Saúde é para pagar juros da dívida do sector, provocada por anos de subfinanciamento, e a verdade sobre o poder de compra dos açorianos é que é apenas um dado estatístico que esconde as enormes desigualdades sociais que existem na Região.
“Começar um debate sobre o Plano e Orçamento com este tipo de demagogias e jogos de sombras, até pode fazer boas manchetes de jornais, mas não é sério!”, disse a deputada do BE.
Zuraida Soares criticou o Governo Regional por não pôr “a tão propalada boa situação financeira da Região” ao serviço dos trabalhadores, considerando inaceitável que, no anunciado combate à precariedade, o PS recuse a integração das centenas de professores contratados, recuse acabar com o abuso do Governo no recurso aos enfermeiros ao abrigo do Programa Estagiar L, e recuse a proposta do BE que pretende impedir o recurso aos programas ocupacionais enquanto os quadros dos serviços tutelados pelo Governo não forem preenchidos.
Já para os patrões, o orçamento do próximo ano traz novas medidas de apoio. O BE reitera que está a favor dos apoios às empresas, mas estes apoios têm que ter contrapartidas para quem trabalha, por isso o BE insiste que as empresas apoiadas devem ser obrigadas a ter 75% dos trabalhadores com contrato sem termo.
“Fica, pois, claro que a boa situação financeira da Região só existe para o patronato e que, depois, não chega para os trabalhadores e trabalhadoras”, disse Zuraida Soares.
GI BE Açores/RL Açores