A SAÚDE NA ILHA DE SÃO JORGE – UNS FILHOS, OUTROS ENTEADOS.
Nos últimos tempos o setor da saúde na Ilha de São Jorge, tem estado na “ordem do dia”, infelizmente pelas piores razões.
A Secretaria Regional da Saúde, resolveu retirar ou seja alterar (para pior) o pouco que sempre tivemos, enquanto Ilha sem Hospital.
As Ilhas “chamadas pequenas” como São Jorge, Graciosa, Santa Maria, Flores e Corvo, são Ilhas apenas com Centros de Saúde, (Ilha do Pico também, mas com Hospital a 30 minutos na Ilha do Faial) que sempre e ao longo dos anos se debateram com cuidados de saúde mais dificultados que outras, como por exemplo São Miguel, Terceira ou Faial, porque esta ultimas tem Hospital.
Temos “sofrido” sempre uma dupla insularidade neste e noutros setores.
Os Jorgenses não pedem que seja construído um hospital na Ilha de São Jorge, não que não fosse bom, mas seria uma utopia e porque nós somos sérios e realistas.
Apenas o que queremos, e penso que posso contar com os outros 8.997 habitantes Jorgenses, é manter e melhorar dentro do possível os recursos que ainda temos nos nossos Centros de Saúde (Velas e Calheta).
Instalou-se o caos desde que a Secretaria Regional da Saúde, decidiu encerrar os laboratórios cerca de 12 horas por dia, ou seja durante a noite, nos Centros de Saúde, ficando estes com um equipamento ou sistema intitulado “point of care”, bem como o cancelamento da vinda de médicos especialistas à Ilha.
Ora segundo a classe médica desta Ilha este equipamento É INSUFICIENTE para obterem um diagnóstico fiável, e em relação à não vinda de médicos especialistas à Ilha, decerto que irá trazer consequências muito graves num futuro muito próximo.
Enquanto cidadão habitante desta Ilha e leigo em medicina, fico muito preocupado com esta situação, porquanto além de estes médicos terem provas dadas de eficiência e dedicação, tem uma experiencia inigualável de viver e trabalhar em Ilhas sem Hospital, coisa que penso que os técnicos da Secretaria Regional, bem como o Senhor Secretário da Saúde não tem, nem imaginam como seja.
Sobre esta matéria deu entrada na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores uma petição, que também subscrevi. Como cidadão já sugeri que fosse feito um projeto de resolução sobre este assunto, para que seja discutido e votado, recomendando ao Governo Regional que tenha a sensibilidade e bom senso de melhorar os serviços e não “castrar” os utentes do Serviço Regional de Saúde que vivem em Ilha sem Hospital, como é o caso da Ilha de São Jorge.
De facto somos tratados COMO ENTEADOS, enquanto outros recebem tratamento como FILHOS.
Com atitudes destas, para com o povo desta Ilha, até parece que o Governo quer que nos sintamos culpados de viver aqui. Não Senhor Secretário! Não sentimos culpa, mas sim ORGULHO E GOSTO de viver aqui!
Queremos e temos o mesmo direito que qualquer Açoriano. Mas somos “conscientes”, mesmo vivendo sem algumas das condições que outras Ilhas têm, queremos manter aquilo que ao longo de muitos anos se consegui conquistar.
Os governos do Partido Socialista sempre usaram como bandeira o slogan: AS PESSOAS NÃO SÃO NUMEROS.
EU CONCORDO PLENAMENTE.
Aguardamos pois o retornar da sensibilidade e bom senso sobre esta matéria.
Haja saúde, porque o resto arranja-se.
Mark Marques 2.Maio.2014