Francisco de Borba, “o historiador” nascido na ilha Terceira, mas desde sempre ligado à ilha de São Jorge, vai ser homenageado pela Casa do Povo e pela Junta de Freguesia de Santo Antão, com a publicação da obra “O Topo e as fajãs do norte na ilha de São Jorge”.
A obra integra testemunhos de Fernanda de Borba, filha do historiador, Dom Duarte, Cidália Ramada, Jácome de Bruges, Manuel Lamas e Eduardo Guimarães. Todos o consideram “um homem de caráter íntegro e corajoso”.
“Essa consistência óssea de ter espinha impediu-o toda a vida de baixar os braços e de se limitar a rosnar baixinho, atitude de vencidos da vida, predominante quando o Francisco era vivo e dominante agora que nos deixou”, escreveram Jácome de Bruges e Manuel Lamas.
Já Eduardo Guimarães, professor de Filosofia, recorda que o livro agora editado foi um dos últimos trabalhos de Francisco de Borba.
“Regressado à sua Ilha Dragão, traçou um plano para o que deveria ter sido o último “round” da sua luta no ringue da vida: escrever um livro sobre o povoamento e os caminhos de penetração de São Jorge, escrever sobre as freguesias de Santo Antão e do Topo e envolver-se no desenvolvimento da sua terra, dando o que de melhor tinha para dar: conhecimentos, capacidade analítica e crítica de um espírito inteligente e livre. Livre e insubordinável!”, pode ler-se.
LIVRO EM 14 CAPÍTULOS
A obra “O Topo e as fajãs do norte na ilha de São Jorge” está dividida em 14 capítulos, a começar em Van Der Haagen – líder de duas naus flamengas que aportaram no Portinho João Silveira, no Topo -, passando pela Batalha de Alfarrobeira, Os do Caravo, Os de Nossa Senhora, Da baleia ao vale do barco, Até ao norte estreito, Os de Teixeira, Os da Ribeira Seca, Os do Crujal, Os do Pico Telheiro, A terra de lá, Até ao lugar do Curral Velho, A grota da Eiroa, As Cafuas, Até Entre-Ribeiras, Os do Cutelo, Os do Penedo, Baleias e bacalhaus, Ler, escrever e contar, O telefone, Os anos do fim, O bom Jesus em casa alheia, O bom Jesus no Crujal e por outros capítulos dedicados às fontes.
PERCURSO NA MONARQUIA
Francisco Fernando de Borba nasceu em janeiro de 1949 na freguesia de Nossa Senhora da Conceição da cidade de Angra do Heroísmo. Foi batizado no Topo pelo padre João Jorge Brasil e viveu a sua infância em Santo Antão. Estudou em Angra, tendo concluído o curso da Escola Comercial com boa classificação.
Iniciou a sua militância monárquica em 1965. Nos Açores, Francisco de Borba passou a ser figura presente nas reuniões promovidas pelo delegado da Causa Monárquica, Dom João Brito do Rio.
Serviu tempo militar em Angola, tendo regressado à Terceira em 1975, ano em que integrou o quadro de adidos e desempenhou funções na Administração do Estabelecimento Prisional, até ser integrado na secretaria regional de Educação e Cultura.
No campo político, aderiu ao PPM, partido pelo qual foi candidato a eleições para a Assembleia da Republica, Assembleia Legislativa Regional dos Açores e autárquicas.
Francisco de Borba acabou por afastar-se do partido, tendo justificado o seu afastamento por considerar que a organização já nada tinha de “popular”.
A partir do inverno de 2005 passou a visitar com periódica regularidade S. Tomé e Príncipe.
Depois da reforma, Francisco de Borba regressou à ilha de S. Jorge onde era familiarmente conhecido pela alcunha de “o historiador”.
Morreu a 15 de julho de 2010, tendo sido sepultado na freguesia de Santo Antão da ilha de S. Jorge. De acordo com a sua vontade, o caixão foi coberto com a bandeira com o escudo Real da Casa de Bragança, recordam Jácome de Bruges e Manuel Lamas.
Diário Insular / Mark Marques | Info-Fajãs/RL Açores
Fotograia: ©Mark Marques|Info-Fajãs