O Secretário Regional da Agricultura e Ambiente destacou esta segunda-feira, na apresentação das conclusões do I Fórum do Leite, os “consensos importantes” entre a produção, transformação e comercialização “relativamente a estratégias de futuro” que garantam a sustentabilidade de toda a fileira nos Açores.
“Tem a ver com a diferenciação da produção dos Açores. Há uma linha comum, uma estratégia comum de valorização dos produtos dos Açores”, por forma a “poder vencer neste mercado tão competitivo”, afirmou Luís Neto Viveiros, que falava aos jornalistas no Parque de Exposições de São Miguel.
O titular da pasta da Agricultura, realçou as características únicas de produção existentes no arquipélago, salientando ser consensual que a criação de produtos diferenciados por parte da indústria constitui-se como uma mais-valia comercial e um argumento competitivo.
Luís Neto Viveiros frisou, por outro lado, que a promoção de proximidade e de “harmonia” de e em “todas as fases do processo” foi assumida neste encontro por parte dos agentes do setor.
“A estratégia assenta no fortalecimento destes três pilares [produção, indústria e comercialização], não podendo nenhum deles falhar, sob pena, se isso acontecer, termos, de facto, um problema de algum peso”, afirmou o Secretário Regional.
Luís Neto Viveiros destacou ainda a apresentação da Marca Açores e das condições de candidatura à sua utilização, bem como as vantagens de promoção a ela associadas.
O Secretário Regional enalteceu a disponibilidade dos convidados para participar nesta iniciativa do Governo dos Açores que, reafirmou, “pretende juntar todos os agentes nesta fileira, desde a produção, à industrialização/ transformação e à comercialização, no sentido de juntos avaliarmos a situação atual”.
Nesse sentido, sublinhou o seu caráter regular, tendo em vista “identificar problemas, apontar soluções no sentido de podermos decidir de uma forma correta para permitir que os Açores, à semelhança do que tem acontecido nos últimos anos” sejam “vitoriosos” face aos desafios que se colocam, nomeadamente o desmantelamento do fim do regime de quotas leiteiras no espaço comunitário.
Luís Neto Viveiros salientou também os desafios que são colocados no imediato pelas consequências do embargo russo e pela retração imprevista do consumo estimado de leite em mercados emergentes como a China ou a Índia, contribuindo para a descida em 2014 de preços à produção, derivada de excedentes.
“Nos primeiros meses de 2015 há uma ligeira inversão desta situação, o que permitirá termos alguma expetativa”, afirmou.
Luís Neto Viveiros destacou ainda a capacidade exportadora do leite e dos laticínios açorianos e a sua presença já efetiva e com potencial de crescimento no mercado nacional e no estrangeiro.
Por outro lado, questionado pelos jornalistas, assegurou que a Região, apesar do funcionamento em mercado aberto, vai dar “particular atenção”, por via das atividades inspetivas, a eventuais situações de duping de preços praticados na venda de leite ou produtos láteos estrangeiros.
O Secretário Regional registou também, positivamente, que as opções de investimento tomadas pelo Governo dos Açores e pelos empresários agrícolas e agroindustriais na última década correspondam às soluções indicadas pelo estudo encomendado pelo Executivo regional sobre o impacto do fim do regime de quotas no arquipélago, nomeadamente o investimento na modernização, na formação e na construção de infraestruturas de apoio à agricultura, como caminhos, abastecimento de água e eletrificação, tendo em vista o aumento da competitividade das explorações.
Luís Neto Viveiros assegurou o reforço desses investimentos e reafirmou que o Governo dos Açores vai manter uma estratégia de pressão concertada junto das instâncias comunitárias, por forma a reivindicar mecanismos de regulação e de compensação dos impactos das oscilações do preço do leite.
O primeiro dos fóruns de discussão com todos os intervenientes da fileira do leite foi dedicado à análise dos novos desafios que se colocam à produção, transformação e comercialização e contou com uma intervenção de Capoulas Santos, ex-ministro da Agricultura e ex-eurodeputado, que realçou as oportunidades resultantes da reforma da Política Agrícola Comum (PAC).
O presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, o secretário-geral da Associação Nacional de Indústrias e Lacticínios, Paulo Costa Leite, o presidente da LactAçores, Gil Jorge Oliveira, o representante dos Açores na Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia (REPER), João Lança, e o presidente da Sociedade para o Desenvolvimento Empresarial dos Açores (SDEA), Arnaldo Machado, foram os outros oradores convidados no I Fórum do Leite, que contou ainda com a participação do eurodeputado Serrão Santos e de representantes das indústrias e associações.
GaCS/RL Açores