O Secretário Regional da Educação, Ciência e Cultura anunciou hoje o arranque no próximo ano letivo, nos Açores, dos cursos de formação vocacional no ensino básico, iniciativa que se insere no conjunto de medidas que visam “promover o combate ao insucesso escolar dos jovens abrangidos pelo regime de escolaridade obrigatória”.
Luiz Fagundes Duarte, que falava numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, afirmou que estes cursos têm como “destinatários prioritários os alunos com 14 ou mais anos de idade, mas com graves problemas de absentismo, insucesso escolar repetido e dificuldades de integração na comunidade escolar”.
Os cursos podem também ser frequentados por alunos que “manifestem constrangimentos com os estudos do ensino regular e que procurem uma oferta alternativa de ensino ao do currículo regular, permitindo não apenas a conclusão do 2.º e 3.º ciclos do ensino básico, mas também o prosseguimento de estudos de nível secundário”.
Os cursos de formação vocacional, que serão implementados nas unidades orgânicas de ensino público dos Açores, a título experimental, no ano letivo 2014/2015, assentam, segundo o Secretário Regional, num percurso formativo que privilegia, nomeadamente “a aquisição de conhecimentos em disciplinas estruturantes no âmbito do currículo regular”.
O contacto com três atividades vocacionais, orientadas para o desenvolvimento de capacidades que “potenciem uma futura integração no mundo do trabalho, momentos de prática simulada, preferencialmente em contexto de empresa, o desenvolvimento de competências do foro comportamental, relacional e social e de orientação profissional, através da componente de desenvolvimento pessoal e social/mediação escolar” são outros aspetos em que assenta esta medida.
O Secretário Regional da Educação, Ciência e Cultura salientou que a componente de desenvolvimento pessoal e social/mediação escolar “não consta das matrizes aprovadas a nível nacional para estes cursos”.
“Contudo, consideramo-la fundamental porque privilegia a implementação de modelos de mediação e de tutoria e a realização de processos de orientação vocacional, devolvendo à escola a sua função inclusiva e integradora”, acrescentou.
“Sabemos que, em muitos casos, o insucesso situa-se ainda a montante das aprendizagens escolares, pelo que se impõe trabalhar com estes alunos competências do foro comportamental, relacional e social, para reforço dos modelos de capacitação dos alunos e das famílias”, afirmou Luiz Fagundes Duarte.
Nesse sentido, frisou que “alguns destes jovens, antes de desistir da escola, já desistiram de si próprios, daí ser necessário trabalhar com eles o domínio de competências pessoais e sociais, como os da autonomia, da persistência, do autoconhecimento e a recuperação de modelos positivos na relação com o outro”.
A seleção dos alunos para estes cursos será feita por psicólogos escolares, numa ação que envolverá os encarregados de educação e os potenciais candidatos “em linha com o perfil, as expectativas e o percurso formativo de cada um deles”, devendo o número de alunos por turma situar-se entre 10 e 20 alunos, adiantou Luiz Fagundes Duarte.
Para facilitar a articulação entre as várias disciplinas e motivar os alunos no desenvolvimento de trabalhos de projetos transversais ao currículo, privilegiando abordagens mais práticas, o despacho que cria nos Açores os cursos de formação vocacional no ensino básico, publicado a 5 de maio em Jornal Oficial, permite que se afete à componente vocacional até um terço da carga horária das outras disciplinas, medida não prevista a nível nacional.
A implementação destes cursos está sujeita a aprovação pela Direção Regional de Educação que, no final do ano letivo 2014/2015, procederá à respetiva avaliação dos mesmos.
Este projeto insere-se no Programa do Governo Regional dos Açores, nomeadamente no objetivo consagrado à promoção do sucesso escolar nos vários níveis de ensino, como “forma de combate ao abandono escolar, em prol da igualdade de oportunidades e da capacitação pessoal e social do jovem, através de medidas como a aposta na diversificação da oferta educativa e do leque de programas de recuperação da escolaridade, de forma a reorientar os alunos com percursos escolares irregulares, marcados pelo absentismo e/ou pelo insucesso escolar”, afirmou Luiz Fagundes Duarte.
GaCS