O Secretário Regional da Agricultura e Ambiente afirmou hoje, na Horta, que o “futuro dos Açores passará, certamente, pela produção leiteira”, destacando que “a vantagem competitiva do leite dos Açores é a pastagem e a diferenciação dos produtos”.
Luís Neto Viveiros, que falava na Assembleia Legislativa num debate sobre o setor agropecuário regional, sublinhou também, enquanto fatores competitivos, o reduzido encabeçamento nas explorações do arquipélago, a forma de maneio e a qualidade do leite produzido.
“O encabeçamento médio em toda a Região é de 1,7 cabeças por hectare”, frisou, ou seja, o oposto da intensificação, com as consequentes mais-valias ambientais e ao nível de bem-estar animal.
O Secretário Regional salientou também que não foi aprovado no atual quadro nenhum projeto em estabulação permanente, investimento que não é incentivado pela Região, nem corresponde à forma de produção que carateriza todas as ilhas.
Relativamente ao problema de escoamento que enfrentam os países produtores da Europa, devido à confluência de fatores como o embargo russo, a recessão do consumo e a retração dos mercados emergentes num novo cenário de liberalização, o titular da pasta da Agricultura destacou o esforço colocado no apoio aos empresários agrícolas açorianos, onde esta crise externa tem maior impacto devido à condição ultraperiférica da Região.
Luís Neto Viveiros, além da antecipação do pagamento de ajudas, do reforço de prémios, da implementação de medidas de apoio à tesouraria e do SAFIAGRI III, para suportar encargos com os juros associados a créditos bancários para investimento na atividade, destacou, entre outras medidas, a aposta na melhoria da eficiência das explorações.
Na sua intervenção, frisou a ajuda disponibilizada aos produtores, “através dos serviços de Desenvolvimento Agrário” e de parcerias estabelecidas com as associações e as cooperativas que, designadamente no âmbito do PAGOP, têm apoios públicos para a contratação de técnicos.
O Secretário Regional destacou ainda a abrangência de ações de formação ministradas a milhares de agricultores e os resultados obtidos com a implementação do Plano de Controlo Oficial de Leite Cru, reforçando na atual legislatura a evolução já registada ao nível da qualidade do leite produzido em toda a Região.
Para o governante, constitui nesta fase um desafio para o Executivo açoriano conseguir “canalizar apoios excecionais para uma situação que é extraordinária, sem se desviar do rumo de desenvolvimento estratégico que definiu e tem prosseguido”, ou seja, “apoiar os empresários e industriais agrícolas a enfrentarem com sucesso a crise do escoamento do leite instalada no espaço comunitário, sem hipotecar o investimento no futuro do setor”.
Nesse sentido, revelou que o abastecimento de água já abrange 4.900 explorações, a capacidade de armazenamento instalada é de cerca de 500 mil m3 e que mais de 300 explorações beneficiam de eletricidade, estando em curso a ligação para mais de uma centena.
No debate, Luís Neto Viveiros salientou que, além do apoio público com efeitos diretos na competitividade privada, também os produtores e agroindustriais revelam confiança no futuro através da apresentação de projetos de investimento ao novo Programa de Desenvolvimento Rural, que já aprovou candidaturas no montante global de investimento de cerca de 40 milhões de euros.
GaCS/RL Açores