
A Deputada do CDS-PP Açores Ana Espínola afirmou, esta quarta-feira, que as propostas de Plano e Orçamento da Região para 2016 relativas à ilha de São Jorge são, “como está na moda dizer-se poucachinho”, registando que o que tem aumentado é “a incapacidade de cumprir com os compromissos eleitorais do PS”.
Numa intervenção, no Parlamento dos Açores, no âmbito do debate em torno do Plano e Orçamento para o próximo ano, Ana Espínola frisou que, “de Legislatura em Legislatura, de 4 em 4 anos”, o PS e o seu Governo “têm empurrado projetos e infraestruturas para a frente, fazendo crer aos Jorgenses que agora sim é que vão cumprir com tudo aquilo que não foi feito”, sintetizando que o que está previsto para 2016 é, “infeliz e lamentavelmente, uma mão cheia de nada e outra quase vazia”.
“Quando se avaliam os sucessivos Planos Anuais Regionais, desta Legislatura, o que constatamos é que os montantes que cabem a São Jorge, em que se exulta de alegria porque aparentemente as verbas crescem, é pura ilusão óptica. É certo que em momentos específicos, em regra associados a visitas estatuárias, a ilha de São Jorge foi brindada com algum charme, com cortar de fitas, com mais umas injeções de falso entusiasmo, perante a eventualidade de mais alguns investimentos que, ao fim ao cabo, não passaram de meras conversas bonitas para alentar algumas mentes ainda crédulas”, afirmou.
A Deputada popular apontou um conjunto de investimentos, transversais às mais diversas áreas de atividade económica, para lamentar que a ilha “não pareça ser uma prioridade deste Governo do Partido Socialista”.
As maiores críticas da parlamentar jorgense foram para o sector da saúde: “E os centros de saúde de São Jorge… Após um deserto de deslocações de especialistas, agora timidamente (e com o aproximar de um novo ciclo eleitoral regional), o Governo socialista começa a dar alguns passos. Até há bem pouco tempo as deslocações de médicos especialistas a São Jorge eram talvez só comparáveis ao número de consultas realizadas por telemedicina que o Sr. Secretário da Saúde anunciou, aquando da visita estatutária… Muito poucas, para não dizer nenhumas! Entretanto, ficaram os Jorgenses privados de consultas de especialidade na sua ilha e, nalguns casos até, ficaram privados de se deslocar a uma ilha com hospital para realizarem as consultas ou exames de que precisavam. Sob este ponto de vista, o Sr. Secretário da Saúde está de parabéns: conseguiu dar cabo de uma boa política implementada nos 20 anos de governação socialista – a deslocação de médicos especialistas às ilhas sem hospital. E já agora, Sr. Secretário da Saúde, há-de recordar-nos quantas consultas com recurso à telemedicina foram realizadas na ilha de S. Jorge?”. Porém, sobre estas dúvidas e reparos, Ana Espínola ficou sem resposta.
Rede viária e Fajãs
Quanto a estradas, a Deputada democrata-cristã deu conta que “quando uma visita estatutária se aproxima há uma certa preocupação em colocar alguns remendos para que vossas excelências (os membros do Governo) não sofram de desconforto durante o vosso passeio pela ilha. Porém, devo lembrar ao Sr. Secretário Regional com a tutela que: a estrada de acesso à Fajã do Ouvidor encontra-se num estado deplorável (recordo que o Plano Integrado de Desenvolvimento das Fajãs, proposto pelo CDS, e aprovado por vós, também previa a correção destas situações); a estrada entre a Ribeira do Almeida e o Aeroporto está numa lástima (têm ocorrido acidentes e não tem havido o cuidado de sinalizar os muros que vão ficando esborralhados e que comprometem a segurança de condutores menos atentos ou visitantes); a estrada do Alto das Manadas – Biscoitos é um bom teste à perícia de quem faz uso dele e já, no ano passado, por esta altura, o Sr. Secretário anunciava que estava prevista a sua reabilitação em 2015. Bom, o ano está quase no fim, mas ainda não foi desta Sr. Secretario! Isto já para não falar da estrada regional que liga a Urzelina ao Nortes. Se estes exemplos não fossem suficientes basta atentar para a forma como as bermas das nossas estradas, bem como alguns miradouros e trilhos, infelizmente se apresentam. E São Jorge até foi das ilhas que mais cresceu no turismo, no verão passado… Triste imagem hão-de ter levado os turistas”.
E por falar em turismo, Ana Espínola aproveitou a oportunidade “para insistir numa pergunta: e a construção do prometido parque de campismo na Fajã da Caldeira de Santo Cristo? Esta é só uma lembrança, porque muito há a ser feito naquela Fajã icónica, ex-libris da ilha e cartaz turístico dos Açores. Basta atentarem ao vosso plano de gestão das Fajãs da Caldeira de Santo Cristo e dos Cubres, publicado em 2010, e verificar o que não foi cumprido/realizado até agora”.
Outras “obras encalhadas”
Por outro lado, a parlamentar do CDS salientou que “o Museu Francisco de Lacerda já teve projeto, já foi revisto mas ainda não passou do papel. Provavelmente constará no próximo manifesto eleitoral do PS, para vergonha dos Calhetenses, em particular, e dos Jorgenses, no geral. Em relação às infraestruturas escolares, embora finalmente já tenha desemburrado o processo de construção da nova escola da Calheta, o ginásio da Escola do Topo ainda continua com graves (e perigosas) deficiências por corrigir. O Sr. Secretário da tutela já tem conhecimento delas, mas, até ao momento, o que temos é mais um ano letivo a decorrer nas mesmas condições lamentáveis. Não posso deixar de fazer referência à Igreja de Santa Bárbara, localizada na freguesia das Manadas, Património Nacional, que esteve encerrada durante este ano a aguardar a reparação do seu teto, causando constrangimentos a quem a desejava visitar. Na realidade, só agora, no final deste ano, em pleno inverno, é que irá começar o seu restauro. Sr. Secretário Regional da Educação e Cultura consegue dar uma garantia de salvaguarda daquele património, o cumprimento de prazos e a celeridade que se exige para que, no próximo verão, este monumento possa novamente receber visitantes?”. Mais uma vez, não houve resposta.
“O núcleo náutico da Calheta até já desapareceu do mapa; a rampa ro-ro da Calheta ainda está a marinar e ainda não será em 2016 que a ligação Calheta-Angra será realizada com a modalidade de transporte de viaturas. Continuará manca por mais um ano! O porto do Topo também não há-de ver a luz do dia no próximo ano, mas sempre dará para incentivar algum voto na firme convicção que para a concretização daquele projeto é preciso votar no PS”, criticou.
Transportes
Mas nem tudo são más notícias, registou a Deputada: “Pelo menos a ampliação do Porto Comercial das Velas já começou a dar os primeiros passos; também já não era sem tempo. Era uma promessa tão antiga que até já tinha cabelos brancos! Só falta saber se vão cumprir com a vossa palavra de que um dos novos navios pernoite em São Jorge, como propõe o CDS-PP. O nosso Projeto de Resolução já deu entrada nesta Assembleia. Vamos aguardar para saber se mantém o vosso compromisso”.
Porém, “uma coisa é certa: Não podemos continuar com a inconstância de horários e itinerários dos transportes marítimos, como temos assistido até aqui. Tão pouco aceitamos a manutenção deste estrangulamento que temos tido, quer de acesso, quer de saída, nos voos inter-ilhas com o destino a São Jorge: dificulta a nossa mobilidade, enquanto cidadãos; dificulta a manutenção dos indicadores turísticos positivos; dificulta o escoamento, em tempo útil, de pescado e outros produtos da ilha, como já sobejamente foi alertado aqui nesta Assembleia”.
Noutra frente, “não posso também deixar de constatar que a obra de proteção da zona de Santa Catarina, na Calheta, deixou de aparecer nos planos regionais. Já imagino que vão dizer que está prevista na CROP (Carta Regional de Obras Públicas) 2016-2020, mas o estado degradante em que se encontra aquela zona não se compadece com mais 4 anos de espera”.
“A sala de desmancha do Matadouro da Ilha de S. Jorge, essa, ficou para outras núpcias. Havemos de ter qualquer dia obras para aumentar a zona de receção do gado; mas ter uma sala de desmancha que permita a valorização da nossa carne, isso não parece ser uma prioridade deste Governo do Partido Socialista”, terminou.
GI CDS-PP Açores/RL Açores