O Presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, acompanhado do Secretário Regional do Mar e Pescas, Manuel São João, assinalou na terça-feira, em Vigo, a formalização contratual do auto de início de construção do navio de investigação que virá para os Açores.
A cerimónia decorreu nas instalações dos estaleiros Armon, responsáveis pela construção do navio, e representou, nas palavras de José Manuel Bolieiro, um “dia histórico”.
“Fazemos hoje aqui, neste ato singelo, história que vale a pena registar, tendo em conta a expectativa que temos no próximo futuro”, sustentou o governante, falando ladeado por responsáveis dos estaleiros e dois elementos da Estrutura de Missão Recuperar Portugal.
“O futuro da humanidade. e cá está novamente este projeto ibérico a marcar pontos numa visão de futuro, tem a ver com a sustentabilidade através de investigação e ciência que nos permita valorizar não uma economia extrativa, mas uma economia de potenciar recursos existentes, valorizá-los e potenciá-los”, prosseguiu o Presidente do Governo dos Açores.
E concretizou, dirigindo-se aos responsáveis dos estaleiros, que já construíram embarcações para a Atlânticoline: “Há aqui uma realidade científica e de investigação que estamos a construir em conjunto, mas há ainda muito para percorrer, e ainda assim, também, no quadro do PRR. Contamos com as vossas prestações, com o vosso saber e com a vossa capacidade”.
O navio de investigação está orçado em cerca de 20 milhões de euros, acrescido de IVA à taxa legal em vigor, e é financiado no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
O prazo máximo para conceção, construção e entrega do bem móvel é de 900 dias, e compreende o prazo de entrega do projeto do navio para aprovação às entidades nacionais competentes e à Sociedade de Classificação, bem como o prazo de conclusão da construção e armamento e entrega do navio no porto da Horta.
O navio de investigação científica multidisciplinar tem como objetivo capacitar a Região de uma plataforma tecnológica de acesso ao mar profundo do Atlântico Nordeste central, e em especial da Zona Económica Exclusiva do Arquipélago.
A nova plataforma de investigação terá os mais modernos padrões tecnológicos em termos de capacidades e de equipamentos, e complementarmente terá um elevado desempenho energético.
O navio será registado no Registo de Bandeira Português como navio de investigação, com a lotação mínima de vinte pessoas para navegação global, excluindo as zonas com gelo, dez tripulantes técnicos e dez tripulantes científicos. Adicionalmente o navio terá lotação para um mínimo de trinta pessoas embarcadas em viagens diárias.
O novo navio de investigação terá capacidade para atuar, entre outras, em áreas como o mapeamento dos fundos marinhos (batimetria com base em equipamentos acústicos), prospeção e exploração biológica de organismos com aptidão biotecnológica, apoio ao desenvolvimento de tecnologias de produção de energias renováveis offshore ou formação de ativos no âmbito da Escola do Mar dos Açores.
Entre outros equipamentos, o navio será equipado com um de equipamento acústico eletrónico que maximizará o potencial de investigação da plataforma até uma profundidade de no mínimo cinco mil metros.
Com 45,95 metros de comprimento e 10,5 metros de boca, o navio terá uma autonomia de 15 dias, dispondo de propulsão diesel elétrica. Incluirá camarotes correspondentes à sua lotação máxima, sala de aulas, laboratórios (seco e húmido) e centro de dados.
Este investimento integra a medida do PRR – “Navio de Investigação” –, que faz parte da componente C10-i04-RAA – Desenvolvimento do “Cluster do Mar dos Açores”.
GRA/RL Açores