A Santa Casa da Misericórdia das Velas celebra este ano 471 anos de existência. Na comemoração do aniversário, o provedor, Frederico Maciel, mostrou-se muito satisfeito por ao longo destes anos esta instituição ter permanecido e por ter conseguido sobreviver “às incompreensões não só de particulares mas dos próprios governos”.
Frederico Maciel, em declarações à RL Açores, disse sentir o “peso da história desta instituição”, instituição esta que ao longo de 471 anos soube levar às pessoas “a caridade e a solidariedade”.
O provedor da Misericórdia das Velas realçou o facto desta instituição se ter conseguido adaptar “às novas situações que foram surgindo com o passar dos anos”, mostrando-se convicto que irá conseguir também “sobreviver” às situações futuras.
“Eu penso que qualquer provedor de uma Misericórdia com estes anos para trás que sente uma responsabilidade muito grande”, afirmou Frederico Maciel.
Uma vez que o aniversário da Santa Casa da Misericórdia das Velas foi celebrado durante as festividades de São Jorge, cuja temática era a Crise Sismica de 1964, Frederico Maciel não pôde deixar de referir a importância que esta instituição teve na altura do sucedido, afirmando mesmo que “em 1964, quando foi a crise sísmica, a Misericórdia teve o seu papel importantíssimo”.
“Em primeiro lugar tinha as pessoas que estavam no hospital” e que mesmo apesar da crise sísmica tinha de se garantir a sua permanência e a sua cura no hospital e, para além disso, “quando no dia 15 à noite vieram as pessoas deslocadas para as Velas, o que está nas actas e nos papéis é que a Misericórdia forneceu refeições quentes a essas pessoas”, explicou o atual provedor.
Frederico Maciel ressalvou que, enquanto provedor da Santa Casa, a sua intenção “é preservar o que aconteceu e num futuro não dizerem” que a sua provedoria “olvidou o papel da Misericórdia”, sendo que por outro lado, pretende “levar à comunidade a existência de uma Santa Casa da Misericórdia, que teve um papel histórico importantíssimo e que agora também o tem noutras vertentes”, tendo já criado outro tipo de valências.
“A Misericórdia serve para chegar àquilo que o Governo não tem capacidade de chegar”, frisou o provedor da Misericórdia das Velas.
No decorrer da celebração dos 471 anos da Misericórdia foi apresentado o livro da autoria de Avelino de Freitas de Meneses, intitulado “A Ilha de São Jorge – uma síntese histórica”, que contou com a apresentação por parte do Professor Doutor Teodoro de Matos. Houve lugar também para a performance do Grupo de Teatro da Santa Casa da misericórdia das Velas, “Páginas de Basalto”.
Liliana Andrade/RL Açores