Na Missa vespertina da Ceia do Senhor, com a qual se inicia o tríduo pascal, D. Armando Esteves Domingues, lavou os pés a 12 jovens: 6 crismandos e 6 crianças da catequese.
O bispo de Angra afirmou que o mundo precisa de “lavadores de pés e de bandeiras e aventais brancos” que levem a paz e a esperança aos cenários de guerra mais próximos- Ucrânia e Terra Santa- mas também aos hospitais, às cadeias e aos campos de refugiados.
“Se, neste dia de Quinta-Feira Santa, Jesus quisesse colocar um anúncio nas nossas casas de família, nos hospitais, cadeias, recolhimentos, casas de acolhimento, centros sociais, misericórdias, campos de refugiados, lugares de guerras, penso que colocaria: ´Precisam-se amigos e lavadores de pés´ “ afirmou D. Armando Esteves Domingues na homilia da missa vespertina da Ceia do Senhor com a qual se inicia o tríduo pascal.
“Precisamos em todos estes lugares de quem agarre no avental branco, qual bandeira de paz e justiça, não para se render ao inimigo, mas para redobrar os cuidados pelas vidas de irmãos com os pés sujos de pó e das feridas, cansados da tortura dos caminhos” prosseguiu lembrando a necessidade de “aventais ou bandeiras brancas que mostrem a força arrasadora do amor autêntico e límpido que nunca desarma”.
A partir do Evangelho de João, proclamado e que convida os cristãos a entrar na última Ceia, antes da prisão de Jesus, D. Armando Esteves Domingues referiu-se à casa como o espaço “de encontro, da família e das manifestações de afecto”, onde todos contam e são tratados por igual.
Nesta celebração em que se faz memória da instituição da Eucaristia, D. Armando Esteves Domingues lembrou que a comunhão do pão e do vinho tem de traduzir-se em gestos concretos de serviço e de amor ao próximo.
“Os atos, mais do que discursos e declarações, o modo de fazer e de se comportar mais do que a abstração das ideias: é isto que os cristãos transmitem de geração em geração”, concluiu.
Durante a celebração, e recuperando o gesto do lava-pés de Jesus aos seus discípulos, também o bispo de Angra hoje lavou os pés a 12 jovens da catequese da Sé, seis deles preparam-se para celebrar o sacramento do Crisma.
“Os pés dizem sem fingimento o cansaço do caminhar, não têm outra expressão senão a verdade. Dizem da necessidade de ser cuidados e purificados pela amizade que derruba barreiras e distâncias” assinalou D. Armando Esteves Domingues ainda na homilia a propósito deste gesto escandaloso de Jesus que diz mais do Seu amor por nós do que a nossa capacidade em nos considerarmos fracos e necessitados”.
“Jesus, com a sua vida e com aquele gesto, explica o que é a sua existência e o que pode ser a nossa: olhar os outros sempre, todos os dias, sem nos escandalizarmos, amar a sua fraqueza, reavivar em gestos de ternura, de amor audaz, a sua dignidade”, conclui.
No final da Missa, o Santíssimo Sacramento é trasladado para um outro local, desnudando-se então os altares.
RL/IA