Serviço Regional de Saúde não está a ser capaz de dar resposta às necessidades dos utentes, considera Zuraida Soares

“O Serviço Regional de Saúde não está a ser capaz de dar resposta às necessidades de muitos utentes, como ficou demonstrado hoje na sessão de perguntas orais ao Governo Regional” promovida pelo Bloco de Esquerda, em que a deputada Zuraida Soares confrontou o secretário regional da Saúde com uma série de problemas reais e concretos, ocorridos em várias ilhas.

A deputada do Bloco de Esquerda levou ao parlamento situações como a de açoriano vítima de AVC a quem foi prescrita fisioterapia, mas que, perante a falta de técnicos, ficou temporariamente sem este acompanhamento essencial à sua recuperação. Embora o acesso aos cuidados de saúde seja universal, situações como esta acabam por empurrar os utentes para o sector privado, criando desigualdades. “Quem tem condições financeiras recorre ao sector privado, quem não tem condições financeiras tem que arcar com as sequelas de um AVC”, lamenta Zuraida Soares.

Para denunciar “o espírito burocrático e economicista da gestão da Saúde nos Açores”, a deputada do BE lembrou uma situação ocorrida em Santa Maria. Situação em que um doente oncológico, cujo estado de saúde se agravara nos últimos dias, deveria ter seguido para as urgências do Hospital de Ponta Delgada imediatamente, acabou por ter que viajar apenas no dia seguinte, apenas porque já tinha uma viagem marcada na SATA.

“Como se isso não bastasse, o doente não pôde ser acompanhado por um enfermeiro, porque aparentemente não haveria lugares disponíveis. Algo que não se veio a verificar, uma vez que o voo tinha, de facto, muitas cadeiras vazias”.

Zuraida Soares lembrou que ainda terá sido levantada a hipótese de ser utilizado um avião da Força Aérea para a evacuação do doente, mas esta opção foi colocada de parte por ser muito dispendiosa. “Isto não é um critério médico. É um critério económico”, acusou a deputada do BE, considerando ser “uma situação surreal”.

O Bloco de Esquerda denunciou também no parlamento, entre outros assuntos, “o valor indecente e indigno que é pago aos bombeiros das equipas SIV, que, embora tenham uma certificação e formação específica”, recebem “apenas” 3,5 euros por hora, por um trabalho que tem salvo muitas vidas nos Açores: “Uma vergonha e um insulto a estes bombeiros”, disse a deputada do BE.

Note-se que este trabalho é feito em regime extraordinário, depois de estes elementos cumprirem um horário de 40 horas semanais.

Neste sentido, o BE deixou o compromisso de apresentar, no âmbito do Plano e Orçamento da Região para o próximo ano, uma proposta que garanta o aumento do pagamento a estes profissionais.

GI BE Açores/RL Açores