A Federação Agrícola dos Açores (FAA) considera que o aumento de 8 cêntimos do preço do leite anunciado pela maior indústria de laticínios do país, a Lactogal, para os produtores do continente, a partir de 1 outubro, vai alargar o “diferencial” em relação aos preços praticados nos Açores, onde foi dado a conhecer um aumento de 5,5 cêntimos pela Bel e de 3 cêntimos pela Insulac.
“Entende-se que a Lactogal deve estender às ilhas Terceira e Graciosa o aumento de 8 cêntimos previsto para outubro, através da sua participação maioritária na Pronicol, e também a Bel que aumentou cerca de 8 cêntimos por litro de leite pago aos produtores no Continente, deve acompanhar esta subida nos Açores, onde somente anunciou o aumento de 5,5 cêntimos, a partir de outubro”, pode ler-se numa nota de imprensa enviada pela FAA.
A Federação Agrícola alerta que, não se perspetivando o fim da tendência, no curto e médio prazo, da subida constante dos custos de produção das explorações agropecuárias açorianas, “exige-se que a indústria regional altere a sua estratégia e acompanhe as suas congéneres continentais”.
Na realidade, acentua que, perante o comportamento do mercado de laticínios a nível nacional e europeu, “as subidas do preço de leite anunciadas nos Açores para outubro, são manifestamente insuficientes, pelo que a Federação Agrícola dos Açores aguarda que a indústria regional seja capaz de repercutir nos produtores de leite, a tendência existente no Continente e na Europa”.
A FAA não tem dúvidas que há condições para o preço do leite à produção passar a ser pago a 50 cêntimos por litro na Região, “pelo que têm de existir novas subidas que permitam aos produtores saírem do sufoco que ainda vivem”.
De igual modo, deixa claro que “não pode aceitar que existam ilhas a pagar pouco mais de 30 cêntimos por litro de leite ao produtor”.
A Lactogal, que está presente nas ilhas Terceira e Graciosa através da sua participação maioritária na Pronicol, anunciou que o preço do leite pago à produção vai aumentar 8 cêntimos no Continente a partir de 1 de outubro, sem que tenha tomado – até ao momento – a mesma opção em relação à Região.
Em declarações ao AO, o administrador da Pronicol garantiu que não foram ainda tomadas decisões sobre esta matéria em relação aos Açores. “Não está tomada nenhuma decisão ainda e, quando houver decisões, serão tornadas públicas”, realçou José Soares, adiantando que mais novidades serão conhecidas “o mais tardar nos primeiros dias de outubro”.
Do lado da Bel, é admissível que o anunciado aumento de 5,5 cêntimos seja revisto, sublinhando o seu diretor de compras que o assunto “está na agenda”. Eduardo Vasconcelos faz notar que, para fazer face à redução do volume de leite entregue nas fábricas e para haver uma maior aproximação do preço pago à produção nos Açores e no Continente, terá de ser trilhado um “outro caminho” e adotadas “medidas que valorizem o leite” açoriano.
Prolacto aumenta em 6 cêntimos o preço do litro de leite
A direção da Prolacto decidiu aumentar em 6 cêntimos o preço do litro de leite a partir de 1 de outubro, na sequência da realização da sua reunião semanal de acompanhamento.
“Este aumento junta-se ao aumento já comunicado de 1,5 cêntimos por litro de leite em setembro, totalizando o aumento acumulado em 2022 de 19 cêntimos por litro de leite. A Prolacto mantém o programa de crescimento (…), este programa adiciona ao valor de aumento referido até mais 3 cêntimos por litro, ao produtor que aumentar a sua produção em 2022”, pode ler-se numa nota de imprensa enviada às redações pela empresa. Que deixa também claro que “não poderá aceitar reduções de produção ou a total eliminação de explorações leiteiras por dificuldades dos produtores”.
Açoriano Oriental/RL Açores