CCIAH e NESJ manifestam indignação com alteração da agenda do Presidente da República

A Câmara de Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo (CCIAH) e o Núcleo Empresarial da Ilha de São Jorge (NESJ) manifestaram a sua indignação perante a decisão do Presidente da República em reduzir a sua visita à ilha de São Jorge — “inicialmente prevista para dois dias — a uma presença meramente simbólica e apressada, limitada a apenas duas horas”.

“A visita acabou por se limitar à participação na cerimónia de internalização de um confrade da Confraria do Queijo de São Jorge, momento esse de grande simbolismo para a ilha e para o seu principal produto de origem. Contudo, essa presença, pela forma breve e apressada com que decorreu, ficou muito aquém do que estava inicialmente previsto, publicamente anunciado pela casa civil do Sr. Presidente da República, e do que a ilha de São Jorge legitimamente esperava”, revela uma nota enviada às redações.

A missiva relembra que “a última presença significativa do Senhor Presidente da República em São Jorge ocorreu durante a crise sísmica, tendo então estado presente por duas vezes, num momento de grande dificuldade, em que a solidariedade nacional se fez sentir. Esse gesto é e será sempre reconhecido. No entanto, ultrapassada essa fase de emergência, e perante uma visita previamente anunciada com tempo e expectativas criadas, considerava-se essencial uma agenda de proximidade — com a população, com o tecido empresarial e com as diferentes realidades que compõem o quotidiano desta ilha — marcada, como é sabido, pelos desafios da insularidade e do isolamento“.

A mesma nota lembra “a realização de um mergulho simbólico do Senhor Presidente na emblemática Poça Simão Dias — um momento que, além do seu valor simbólico, teria representado uma oportunidade significativa de promoção turística da ilha junto ao mercado nacional, com impactos evidentes nos setores do turismo, comércio e restauração”.

A alteração da agenda presidencial resulta, segundo a CCIAH e do NESJ, “de uma cedência à pressão da Presidência do Governo Regional para que o Chefe de Estado se deslocasse à ilha de São Miguel, algo que não constava da agenda previamente estabelecida. Esta decisão representa não só um desrespeito institucional para com São Jorge, como reflete a contínua cedência aos interesses centralistas regionais que, sistematicamente, ignoram as ilhas mais pequenas do arquipélago dos Açores”.

A CCIAH e o NESJ referem que, uma vez mais, a ilha de São Jorge foi relegada para segundo plano, numa atitude que compromete os princípios de coesão territorial e de equidade no tratamento das diversas ilhas açorianas. “A presença do mais alto magistrado da Nação deveria ter sido um momento de escuta, de proximidade e de compromisso com todos os cidadãos, independentemente da sua localização geográfica. Teria sido, também, uma oportunidade relevante para a economia da ilha, dada a reconhecida visibilidade pública do Senhor Presidente da República, lê-se na mesma nota.

RL/CCIAH/NESJ