Morreu o Papa Francisco (1936-2025)

O Papa Francisco faleceu hoje aos 88 anos de idade, às 07h35 locais, na Casa de Santa Marta, onde residia, informou o Vaticano.

O Papa tinha estado internado entre 14 de fevereiro e 23 de março, a hospitalização mais longa do pontificado, devido a uma infeção respiratória que se agravou para uma pneumonia bilateral.

Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, a 17 de dezembro de 1936; filho de emigrantes italianos, trabalhou como técnico químico antes de se decidir pelo sacerdócio, no seio da Companhia de Jesus, licenciando-se em filosofia e teologia.

Ordenado padre a 13 de dezembro de 1969, foi responsável pela formação dos novos jesuítas e depois provincial dos religiosos na Argentina (1973-1979).

João Paulo II nomeou-o bispo auxiliar de Buenos Aires em 1992 e foi ordenado bispo a 27 de junho desse ano, assumindo a liderança da Arquidiocese argentina a 28 de fevereiro de 1998, após a morte do cardeal Antonio Quarracino.

D. Jorge Mario Bergolgio seria criado cardeal pelo Papa polaco a 21 de fevereiro de 2001, ano no qual foi relator da 10ª assembleia do Sínodo dos Bispos.

O cardeal de Buenos Aires foi eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março de 2013, após a renúncia do pontífice alemão, assumindo o inédito nome de Francisco; foi também o primeiro Papa jesuíta e o primeiro sul-americano na história da Igreja.

São Gregório III, da Síria, que liderou a Igreja Católica entre 731 e 741, tinha sido o último Papa não-europeu, antes da eleição de Francisco.

O falecido Papa tinha como lema ‘Miserando atque eligendo’, frase que evoca uma passagem do Evangelho segundo São Mateus: “Olhou-o com misericórdia e escolheu-o”.

Francisco fez 47 viagens internacionais, tendo visitado 67 países, incluindo Portugal (2017 – centenário das Aparições de Fátima – e 2023 – para a JMJ Lisboa, tendo passado também por Fátima).

Dentro da Itália, o Papa fez mais de 30 visitas a várias localidades, incluindo uma passagem pela ilha de Lampedusa, primeira viagem do pontificado, e cinco deslocações a Assis.

Entre os principais documentos do atual pontificado estão as encíclicas ‘Dilexit Nos’ (2024), texto dedicado à devoção ao Coração de Jesus; ‘Fratelli Tutti’ (2020), sobre a fraternidade humana e a amizade social; ‘Laudato Si’ (2015), dedicada a questões ecológicas; a ‘Lumen Fidei’ (A luz da Fé, 2013), que recolhe reflexões de Bento XVI; as exortações apostólicas ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho), texto programático do pontificado, de 2013; ‘Amoris laetitia’, de 2016, dedicada à família; o documento sobre a “Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da convivência comum” assinado pelo Papa Francisco e o grão imã de Al-Azhar, Ahamad al-Tayyi, em Abu Dhabi (2019).

A reforma dos organismos centrais de governo da Igreja Católica, levada a cabo com a ajuda de um inédito conselho consultivo de cardeais, dos cinco continentes, foi concretizada através da Constituição Apostólica ‘Praedicate Evangelium’, de 2022, propondo uma Cúria Romana mais atenta à vida da Igreja Católica no mundo e à sociedade, com maior protagonismo para os leigos e leigas.

Francisco convocou cinco assembleias do Sínodo, dedicadas à sinodalidade (2023 e 2024), à Amazónia (2019), aos jovens (2018) e à família (2015 e 2014), além de uma cimeira global sobre o combate e prevenção aos abusos sexuais (2019).

Durante este pontificado foram proclamados mais de 900 santos e santas – incluindo um grupo de 805 cristãos que morreram em Otranto (Itália), às mãos dos otomanos muçulmanos em agosto de 1480.

Francisco convocou dez Consistórios, nos quais criou 163 cardeais, entre eles D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa; D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima; D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação; D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal.

No seu pontificado, a Igreja Católica celebrou dois Jubileus – em 2016, num Ano Santo Extraordinário, dedicado à Misericórdia, e o atual Ano Santo ordinário, dedicado à esperança; criou, entre outros, o Dia Mundial dos Pobres, o Domingo da Palavra de Deus e o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos.

RL/IA