A Deputada do CDS-PP eleita pela ilha de São Jorge, Ana Espínola, voltou a insistir esta terça-feira na Assembleia Legislativa Regional que um dos novos barcos ao serviço da Transmaçor para as ligações marítimas entre as ilhas do Triângulo deve passar a pernoitar no Porto Comercial das Velas.
Com isto Ana Espínola quer tornar “mais eficazes e rentáveis” as ligações entre as ilhas de São Jorge e Pico.
A deputada democrata-cristã interpelou diretamente o titular da pasta sobre a possibilidade de, “após a conclusão da ampliação do Porto Comercial das Velas, o navio que faz a ligação Velas/São Roque pernoitar em São Jorge, tornando mais eficazes e rentáveis as ligações inter-ilhas e indo de encontro ao tão afamado Plano Integrado de Transportes, documento no qual se pode ler que é chegado o momento de promovermos a coordenação e intermodalidade dos transportes aéreos, marítimos e terrestres”.
O CDS-PP entende que a colocação de um barco em São Jorge permitirá “reduzir os tempos de viagens e os consumos de combustível das embarcações”, mantendo-se as ligações Velas – São Roque e Madalena – Horta (por mar) e assegurando-se o transporte terrestre dos passageiros entre São Roque e Madalena e vice-versa.
Em resposta, Vítor Fraga disse que esta não é matéria da sua competência, deixando para a administração da empresa este tipo de decisão operacional.
“Esta é uma matéria do âmbito da gestão da empresa que presta o serviço, que naturalmente alocará os navios aos portos que sejam mais adequados para otimizar a ligação, não havendo nenhuma indicação por parte do Governo para que o barco fique no porto A, B ou C”, explicou o Secretário Regional.
Ainda no capítulo das acessibilidades marítimas, o CDS-PP quis saber das intenções do Governo Regional em manter as ligações Calheta/Angra e em que moldes, considerando que nenhum dos portos tem rampas que permitam a operacionalidade plena dos navios “Gilberto Mariano” e “Mestre Simão”, estando, assim, os passageiros impossibilitados de levar as suas viaturas a bordo. “Esta dúvida surge da constatação que, no Plano de Investimentos para 2015, está presente o projecto da rampa ro-ro para Angra do Heroísmo, mas, para a Calheta, esta estrutura não é mencionada”, disse a parlamentar.
O Secretário Regional do Turismo e Transportes respondeu a Ana Espínola, referindo que “a intenção do Governo dos Açores quanto à ligação Calheta/Angra é continuar com a mesma, dinamizá-la”, sendo “uma ligação que se irá manter na lógica das ligações marítimas da região”.
Ana Espínola desafiou também o executivo socialista a definir uma política de “aposta nos triângulos Terceira/Graciosa/São Jorge e São Jorge/Pico/Faial que fortaleça, enriqueça e dinamize as ligações marítimas no Grupo Central e promova o turismo e as relações comerciais entre estas ilhas”. No entanto, não obteve resposta por parte do Governo.
A Deputada democrata-cristã voltou a alertar o Governo, enquanto acionista das empresas de transporte marítimo de passageiros e viaturas no arquipélago, especialmente nas ilhas centrais, para a constante imprevisibilidade dos horários e dos itinerários das ligações marítimas no Triângulo.
“Os horários e os itinerários das ligações marítimas entre as ilhas do Triângulo são pouco regulares: Um dia o barco sai às 9h30; noutro dia às 10h15; num dia vai para a Madalena; No outro escala São Roque; um dia pode levar carro; noutro já não pode; o horário de um mês já não é válido para o mês seguinte… Passados todos estes anos de ligações marítimas e agora com um novo Plano (que se diz integrado) a pergunta que os passageiros e, acima de tudo, os empresários colocam é para quando um horário de Verão e de Inverno regulares, sem constantes alterações? Como estão horários e itinerários não permitem a ninguém programar seja o que for, com nenhuma antecedência”, criticou.
Ana Espínola fez ainda referência para um outro problema que está a afetar São Jorge, com particular incidência nesta época do ano, fruto das alterações introduzidas aos horários da SATA Air Açores.
De acordo com a deputada eleita por São Jorge, “com o actual horário de inverno da SATA, São Jorge tem sido bastante prejudicado. Se, por um lado, o Governo Regional faz (e bem) um discurso baseado na importância da valorização dos nossos produtos e da sua comercialização/exportação, o que é certo é que o discurso não se adequa à realidade e, por exemplo, os pescadores Jorgenses têm sentido imensas dificuldades para escoar o seu produto, uma vez que a capacidade de carga das aeronaves, às terça-feiras, muitas vezes, impossibilita a saída atempada do pescado de São Jorge. Para quando uma solução que é fácil: basta a troca da aeronave do voo da tarde, por uma com maior capacidade de carga”.
Este assunto foi reconhecido pelo Governo Regional que diz estar atento à situação.
“Em relação ao horário de inverno da SATA efetivamente têm havido algumas dificuldades”, afirmou Vítor Fraga, salientando que “todas essas dificuldades quando são apresentadas têm tido uma resposta eficaz por parte da empresa para colmatar algumas lacunas ao nível da exportação, nomeadamente da exportação de peixe”.
O Secretário Regional acrescentou ainda que no âmbito da Revisão das Obrigações de Serviço Público para o Serviço de Transporte Aéreo inter-ilhas, “não estão só contempladas as necessidades ao nível de acessibilidades de passageiros, mas também ao nível do escoamento de carga que advém de todas as ilhas”.
A Deputada do CDS-PP Açores Ana Espínola questionou ainda o Governo Regional pelos resultados do inquérito que foi anunciado ao acidente, com uma vítima mortal, ocorrido em Novembro passado, a bordo do navio “Gilberto Mariano”, no cais de São Roque do Pico, na sequência da rutura de um cabeço de amarração, mas ainda não há novidades sobre a matéria.
GI CDS-PP/RL Açores