Diretor Regional da Cultura não descarta possível candidatura das Fajãs de S. Jorge a Património Mundial, mas não para já (c/áudio)

São Jorge e as suas Fajãs “ainda não estão preparados” para uma candidatura a Património Mundial da Unesco, é esta a opinião de Nuno Lopes, Diretor Regional da Cultura, que marcou presença numa reunião extraordinária do Conselho de Ilha de São Jorge que decorreu na passada sexta-feira, no salão nobre dos Paços do Concelho das Velas.

Nuno Lopes afirmou que mais importante que pensar numa candidatura desse género é criar um processo de desenvolvimento para a ilha.

“Parece-me que mais importante do que consolidar uma candidatura das Fajãs a Património Mundial, é consolidar um processo de desenvolvimento, uma discussão alargada e criar condições para que uma definição estratégica aconteça e se possa caminhar com um rumo pré-definido”, frisou.

O Diretor Regional, que ao longo da primeira parte da reunião com os conselheiros, explicou o processo adjacente a uma candidatura a Património Mundial da Unesco, usando por vezes o termo de comparação com a Vinha da Ilha do Pico ou mesmo com a cidade de Angra do Heroísmo, na Terceira, ressalvou que S.Jorge e as suas fajãs têm potencial. No entanto, apresentam “dificuldades próprias”, destacando o facto deste tipo de candidatura ser mais complexa.

“Tem dificuldades próprias como a descontinuidade física”, sendo necessário para uma candidatura deste género “uma discussão alargada com a população, a definição da entidade gestora”, tudo soluções que têm de ser encontradas ao longo de um grande percurso, de acordo com Nuno Lopes.

O Diretor Regional da Cultura disse mesmo que uma candidatura a Património Mundial da Unesco “não é uma questão fácil, é normalmente muito exigente, sendo processos que têm de ser absolutamente participados e comungados pela população”.

Nuno Lopes referiu que este “é um processo sobre o qual não se deve antecipar resultados”.

O Diretor Regional da Cultura acrescentou ainda que a possível aceitação da Candidatura das Fajãs de S.Jorge a Reserva da Biosfera pode ser um importante passo uma vez que irá dar “uma maior divulgação pública à ilha e criar autoestima”.

Por seu turno, a Presidente do Conselho de Ilha, Isabel Teixeira, afirmou que a esperança quanto a uma possível candidatura das Fajãs de São Jorge a Património Mundial da Unesco mantém-se, destacando, no entanto, a necessidade de um trabalho conjunto entre a população e as entidades locais.

“Aquilo que eu concluo é que teremos que dar um passo de cada vez e que essa luz ao fundo do túnel não nos foi fechada, restando, por isso, alguma esperança e sabendo que temos que trabalhar todos em conjunto, tanto nós população como os municípios da nossa ilha”, destacou Isabel Teixeira no final da reunião.

De salientar que recentemente foi tornado público que a candidatura das Fajãs de São Jorge a Reserva da Biosfera engloba toda a ilha e a zona marítima que a envolve, até 3 milhas da costa.

A proposta estará em consulta pública a meio do ano, prevendo a Região formalizar a candidatura à Unesco em setembro.

A decisão sobre a classificação das fajãs de São Jorge deverá ser conhecida na primavera de 2016.

Liliana Andrade/RL Açores