O Conselho Internacional de Coordenação do Programa MaB – Man and the Biosphere (O Homem e a Biosfera), da UNESCO, classificou hoje em Lima, no Perú, as Fajãs de S. Jorge como Reserva da Biosfera, território que passa a integrar a Rede Mundial na sequência da candidatura apresentada pelo Governo dos Açores.
A classificação, aprovada por unanimidade e aclamação, contempla áreas de núcleo, de transição e de tampão, abrangendo toda a ilha de S. Jorge e uma área marinha adjacente até três milhas da costa.
O Governo dos Açores congratula-se com o sucesso da candidatura açoriana e destaca o envolvimento nesta iniciativa, desde a primeira hora, de um conjunto de atores locais, designadamente os municípios de S. Jorge, associações e instituições locais, entidades ligadas à investigação científica e às atividades económicas, ambientais e culturais, e personalidades individuais.
O processo de candidatura, desencadeado em 2014 pela Secretaria Regional da Agricultura e Ambiente, através da Direção Regional do Ambiente, incluiu também cerca de meia centena de cartas de apoio de outros países e regiões que possuem este estatuto.
A ilha de S. Jorge e as suas mais de sete dezenas de fajãs – pequenas planícies junto ao mar que tiveram origem em desabamentos de terras ou lava – constituem um património natural e cultural único no contexto da Região e com enorme potencial de projeção no exterior e de geração de riqueza,
A sua classificação como Reserva da Biosfera constitui, assim, uma oportunidade de afirmação à escala global, acrescentando valor aos produtos e serviços gerados em S. Jorge.
O Governo dos Açores considera que o inegável valor do património natural e cultural de S. Jorge e das suas fajãs, em particular, é merecedor desta designação internacional da UNESCO, que reconheceu também a excelência da candidatura açoriana, defendendo que os relevantes valores naturais, paisagísticos e culturais presentes nestes territórios devem ser potenciados enquanto elementos incontornáveis da animação e a promoção turística da Região, enquanto Destino de Natureza.
A crescente procura das áreas protegidas enquanto espaços privilegiados de atividades e de lazer representa novas oportunidades de negócio relacionadas com essa fruição e, ao mesmo tempo, acrescenta responsabilidade aos poderes públicos e aos cidadãos em geral na gestão sustentável desses recursos.
As Reservas da Biosfera são zonas dos ecossistemas terrestres, costeiros e marinhos reconhecidas internacionalmente e concebidas para responder ao desafio de conciliar a conservação da natureza com a procura de um desenvolvimento económico e social e a manutenção dos valores culturais associados.
Nos Açores encontram-se quatro das Reservas da Biosfera existentes em Portugal, nomeadamente as ilhas do Corvo, Flores e Graciosa e, a partir de hoje, também as Fajãs de S. Jorge.
Os Açores são, aliás, uma das duas únicas regiões do mundo que possuem todas as classificações atribuídas pela UNESCO, sendo a outra a região a de Jeju, na Coreia do Sul.
Apenas três dos 195 países membros da UNESCO possuem o pleno das classificações atribuídas por esta organização das Nações Unidas, nomeadamente Património Mundial, Reserva da Biosfera e Geoparque, sendo que os Açores, além destas, também possuem a classificação internacional Ramsar, atribuída a zonas húmidas, a que a UNESCO está associada.
Ao abrigo da Convenção de Ramsar, a Região tem 13 sítios classificados, nomeadamente as lagoas das Fajãs dos Cubres e da Caldeira de Santo Cristo (S. Jorge), a Caldeira da Graciosa, a Caldeira do Faial, o Caldeirão do Corvo, os complexos vulcânicos das Furnas, das Sete Cidades e do Fogo (S. Miguel), os ilhéus das Formigas, o recife Dollabarat, o Planalto Central da Terceira (Furnas do Enxofre e Algar do Carvão), o Paul de Praia da Vitória (Terceira) e os planaltos Central das Flores (Morro Alto), Central de S. Jorge (Pico da Esperança) e Central do Pico (Achada).
Ao nível do Património Mundial, Cultural e Natural, nos Açores existem duas áreas classificadas como Património Mundial da UNESCO, que são o Centro Histórico de Angra do Heroísmo, na Terceira, e a Paisagem Protegida da Cultura da Vinha da Ilha do Pico.
Por outro lado, desde 2013, o Geoparque Açores é único no mundo por possuir 121 geossítios em nove ilhas, abrangendo todo um arquipélago.
A Conferência das Nações Unidas para a criação de uma organização educacional e cultural foi convocada em Londres em 1945, tendo 37 países assinado a 16 de novembro a carta que estabeleceu a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Em 1968, a UNESCO organizou a primeira conferência intergovernamental com o objetivo de harmonizar ambiente e desenvolvimento, que atualmente é designado como ‘desenvolvimento sustentável’, da qual resultou a criação do programa MaB.
GaCS/RL Açores