
O livro Irmandade do Espírito Santo de São José: 100 anos de Devoção ao Espírito Santo e de Serviço à Comunidade foi escrito por Maria Ascenção da Cunha Carty, emigrada na Califórnia, nos Estados Unidos da América.
É um livro que, segundo Maria Ascensão foi escrito para “comemorar o centenário desta Irmandade” , para que assim fique registado todo o trabalho que os seus envolventes têm feito por preservar a tradição dos emigrantes portugueses.
“Queria que as gerações do futuro soubessem porque é que nós celebramos a festa do Espírito Santo, o que são os símbolos do Divino Espírito Santo, como e quando foram os primeiros pioneiros dos Açores e dos Estados Unidos para a Califórnia.”
A historiadora descreve que outro dos motivos que a levou a escrever o livro (para o feito teve necessidade de recorrer a artigos, livros e recortes em português), foi porque, conta, “a minha geração está a morrer e muitos de nós não sabemos ler português”.
O livro que demorou “oito meses e meio a escrever, 14 horas por dia, 7 dias por semana” sem interrupção para feriados, conta histórias de emigração de açorianos, as quais Maria Ascensão teve oportunidade de saber através de cerca de 100 entrevistas, feitas a “pessoas mais antigas”. Uma dessas histórias está na família de Maria Ascensão, a qual conta emocionada.
“Falei com a minha tia, Amélia de Azevedo. O pai e a avó dela [avô e bisavó de Maria Ascensão] foram clandestinamente, em 1875, da maneira como se fazia antigamente: subir o monte da “Ponta Furada”, e descer amarrados por uma corda, por onde tinha uns pegões em metal. No monte faziam umas fogueiras, a dizer aos veleiros que tinha gente para levar. Os veleiros, com luzes, faziam sinais, e assim, com as fogueiras no monte e as luzes do barco, comunicavam-se.”
Esta e outras histórias da emigração açoriana estão presentes na obra de Maria Ascensão, que já se encontra na biblioteca municipal.
Linda Luz/RL Açores