O Jornal Diário Insular publicou hoje uma carta assinada pelo Presidente da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo, Nuno Maciel, e com conhecimento aos clubes filiados, remetida à AtlânticFut com data de dois de outubro.
Na presente carta, Nuno Maciel explica à associação jorgense as razões que inviabilizaram a sua filiação.
Aqui fica, na íntegra, a respetiva carta publicada pelo Jornal Diário Insular na sua edição desta quarta-feira:
“A atual direção da AFAH tomou posse no dia 17 de junho de 2010, após ter vencido o ato eleitoral em quatro de junho do referido ano. Ao longo destes mais de cinco anos tem pautado os seus procedimentos com base na rígida observação dos seus estatutos, normas e regulamentos em vigor.
Apesar de integrar 11 juristas nos seus corpos gerentes, sendo dois na Assembleia-Geral, cinco no Conselho de Justiça e quatro no Conselho de Disciplina, sendo todos eles pessoas bem formadas e de reputada e reconhecida idoneidade, entendeu esta direção pedir um parecer a entidade externa, completamente independente a esta Associação.
Em relação ao caso AtlânticFut foi pedido um parecer ao escritório de advogados Álvaro Monjardino, Duarte Pinheiro e Francisco Espínola, com sede em Angra do Heroísmo, que veio confirmar e corroborar os pareceres internos emanados dos diversos órgãos desta Associação de Futebol.
Os estatutos desta Associação são bem claros quanto, e passo a transcrever, ao artigo 37.º, alínea i: ‘À direção compete, designadamente: i) Submeter à Assembleia-Geral a admissão e readmissão de sócios’. Na reunião de direção que antecedeu a Assembleia-Geral do dia 29 de julho de 2011 ficou lavrado na ata n.º 11 ponto 3 e passo a transcrever: ‘Pedido de adesão a esta Associação. Pelo presidente fomos informados que temos dois pedidos para serem levados a aprovação, ou não, na próxima Assembleia-Geral. Esses dois pedidos correspondem à Casa do Povo do Porto Judeu e Casa do Povo de São Brás’.
Numa carta enviada por mim do Brasil para o Exmo. Presidente da Assembleia-Geral, Dr. Milton Sarmento, pedi que a mesma fosse lida em voz alta aos presentes na Assembleia-Geral de 29 de julho de 2011, onde explicava as razões da minha ausência do ato, que se prendiam com motivos de saúde, e, em simultâneo, exortei os clubes presentes a votarem favoravelmente a entrada do Porto Judeu e São Brás na Associação de Futebol.
Em nenhum lado, ata de reunião da direção ou carta, constava a filiação do vosso clube, até porque essa situação obrigaria da nossa parte a uma consulta prévia aos clubes filiados em atividade, nessa altura, na ilha de São Jorge. Permitam-me que me abstenha de tecer mais comentários sobre todo este processo para me situar apenas no parecer jurídico que nos foi fornecido pelo supracitado escritório de advogados que considera nula a vossa filiação na AFAH. Consequentemente e aduzidas as razões explanadas pelos nossos clubes na última reunião recentemente efetuada nas Velas, em que foram realizados os sorteios e calendários, e uma vez mais com a presença de todos os clubes filiados, o assunto foi abordado, sendo que, uma vez mais, foram, por eles, reafirmados os argumentos contra a vossa filiação na AFAH.
Tal como anteriormente vos comuniquei, bastava que um só clube dos cinco filiados em São Jorge se manifestasse contra para essa filiação se tornar inexequível.
Parafraseando a afirmação do representante do Futebol Clube Calheta, e passo a transcrever, ‘a AtlânticFut somente se deve dedicar ao ensino da modalidade até aos oito anos’, acrescentando nós, isto caso os seus donos assim o decidirem…
Esta Associação tem imenso respeito por todas as pessoas que gravitam em torno do futebol, com ou sem interesses pessoais ou de qualquer outra espécie… Mas mais respeito ainda nos merecem os dirigentes dos nossos clubes que, nada ganhando, em troca, ainda pagam do seu bolso para manterem em atividade e de portas abertas as suas históricas coletividades que muito engrandecem esta Associação.
Aduzidos todos estes fatores, decerto entenderão que esta direção da AFAH não deve, não pode, nem quer correr o risco de ir contra os legítimos desígnios dos seus legítimos representantes na ilha de São Jorge, sob risco de o futebol acabar na ilha”.
Diário Insular/RL Açores
Fotografia: ©Direitos Reservados