No passado fim de semana, no Auditório da Madalena, ilha do Pico, mais de duas dúzias de profissionais debateram uma indústria em construção. Entre conferências, painéis e mostra de obras, no maior evento de networking para o sector, empresas e freelancers de várias ilhas, assim como açorianos a viver fora da região, juntaram-se pela primeira vez para traçar um plano de ação.
“Foi muito bom sentir que há uma vontade de concretizar e de desenvolver,” admite Sara Leal, da Alga Viva Produções. “Este encontro foi um primeiro passo importantíssimo no sentido de criarmos uma relação entre agentes, e um sentido de comunidade.”
Entre vários tópicos e ideias, que a MiratecArts vai coletar num relatório público, avança-se que foi concluído que seria necessário fundar uma associação de produtores açorianos, uma entidade que mais facilmente consegue dialogar com os vários departamentos regionais, e entidades além arquipélago.
“No Encontro Audiovisual Açoriano, encontrou-se um caminho, um primeiro passo para a mudança de paradigma, nomeadamente a criação de uma Associação de Produtores que represente os profissionais e empresas junto dos decisores políticos com o objetivo de transformar um sector frágil e subvalorizado, numa verdadeira indústria audiovisual com importante retorno económico e cultural para a região,” admite Bruno Correia da equipa da RTP Açores, que estreou o seu novo filme ´À la minute` na sessão de mostra de curtas do Montanha Pico Festival.
Quanto ao Montanha Pico Festival, além de continuar a apresentar filmes sobre a cultura de montanha, histórias montanhosas e em cenário montanhoso, abriu uma seção dedicada à mostra de obras produzidas nos Açores. “Este é o primeiro programa de mostra focado no audiovisual açoriano,” anunciou Terry Costa, diretor artístico da MiratecArts e fundador do Montanha Pico Festival. Os trabalhos não se limitam apenas a cinema, mas também videoarte, videoclipes, peças criativas para televisão e vídeo. Sejam curtas ou longas de animação, documentário, ficção ou experimental, a ideia é de o maior número de trabalho produzido, nas nove ilhas dos Açores, qualificar para mostra no grande ecrã. Coletar trabalhos já produzidos na montanha mais alta de Portugal, para retrospectivas, e ainda criar uma biblioteca audiovisual com o Pico, a ilha montanha, sendo a temática principal, faz parte dos objectivos para o Montanha Pico Festival. Outros planos incluem desenvolver a conexão com Mountain Partnership, programa das Nações Unidas, o qual já faz parte desde a primeira edição, e ainda candidatar-se como associado da International Alliance of Mountain Film.
Terry Costa anunciou ainda a criação do Prémio Curta Pico. Realizadores e produtores vão ter a oportunidade de apresentar uma ideia para filmar na ilha do Pico. O projeto vencedor é garantido apoio logístico na ilha. A obra final recebe estreia no Montanha Pico Festival e ainda apoio para candidatar-se a festivais além dos Açores. O vencedor recebe um apoio financeiro, o qual a MiratecArts procura parceiro estratégico para um investimento de compromisso, no mínimo de seis anos, e não programas de candidaturas, para financiar o Prémio Curta Pico.
Montanha Pico Festival continua até 31 de janeiro, com noites de documentários, curtas e longas de ficção. Todas as sessões acontecem às 21h e tem entrada livre: terças no Auditório do Museu dos Baleeiros, quintas-feiras no Auditório Municipal das Lajes do Pico, sextas no Auditório da Madalena e sábados no Auditório da EBS de São Roque do Pico. www.picofestival.com
Foto: José Maria Sousa
Miratecarts/ RL AÇORES