Renato Bettencourt leva viola da terra até à Holanda

Renato Bettencourt é jorgense e é músico e foi convidado para levar até à Holanda o som tradicional açoriano da viola da terra.

Em entrevista à RL Açores, Renato explicou que esta oportunidade surgiu de um convite de Pieter Adriaans, um holandês residente em São Jorge, que aproveitando a estreia da sua Suite Açoriana, um medley de músicas da região, criou um fim-de-semana tipicamente açoriano naquele país.

“A oportunidade surgiu porque o Pieter teve um convite para compor uma Suite Açoriana para a Orquestra de VechtStreek e a ideia dele foi aproveitar a estreia dessa Suite para criar um fim de semana tipicamente açoriano, com gastronomia, poesia e música açoriana”, explicou o jovem músico, a quem foi endereçado o convite para “representar os Açores com a nossa viola da terra”.

Neste evento além da música haverá declamação de poemas de Vitorino Nemésio e de Carlos Faria, um poeta jorgense, e ainda gastronomia típica das ilhas.

Renato Bettencourt disse sentir-se privilegiado, uma vez que “convites destes não surgem todos os dias”, mas afirmou também sentir-se nervoso, sendo que só toca viola da terra há cerca de um ano, tendo no entanto aperfeiçoado “a técnica que é tocada em São Jorge”.

Apesar de só tocar viola da terra há cerca de um ano, Renato está desde muito novo ligado à música, tendo nascido numa família igualmente ligada a esta área.

“O gosto pelos instrumentos de corda sempre me acompanhou, comecei a tocar violino com 10, 11 anos, a partir de um violino que herdei de família. Depois com o passar do tempo comecei a aprender o bandolim e mais tarde o violão porque era com gosto”, contou o músico.

Quanto à viola da terra, recorda “que não tinha hipótese de tocar porque não tinha instrumento”, tendo só aprendido recentemente.

No que diz respeito a este instrumento em si, Renato Bettencourt possui uma viola personalizada em forma de B, feita na ilha das Flores, de maneira a homenagear o nome de família.

No entanto, não é essa a viola que vai levar, uma vez que a viola da terra tipicamente açoriana possui outras características e outra simbologia, que serão explicadas durante o concerto bem como todas as músicas que vão ser tocadas.

“Vamos levar uma tela onde vai ter a fotografia da viola com todas as explicações do que é que é a viola e o que representa e essa tela vai estar com inscrições em português, inglês e em holandês para que todos consigam ver o que lá está e perceber um pouco da história da viola”, referiu.

Recorde-se que a viola da terra produz um som característico devido ao encordoamento de 12 cordas, também é conhecida como viola de arame ou viola de dois corações, sendo semelhante ao violão, mas de dimensões mais pequenas.

Uma das suas características é a abertura ou boca da viola ser constituída por dois corações, com as pontas em sentidos opostos e unidos numa lágrima, que simboliza a saudade e a ligação entre os açorianos que emigram e aqueles que ficam nas ilhas.

De salientar que o concerto se vai realizar no dia 27 de Setembro numa cidade perto de Amesterdão e que no dia 28 Renato já tem indicação para outro concerto numa galeria de arte.

Liliana Andrade/RL Açores