A candidatura encabeçada por Luís Silveira, Vice-presidente do CDS-PP Açores e único Presidente de Câmara do Partido nos Açores, à liderança dos democratas-cristãos acusou, esta quarta-feira, o líder regional do CDS de ter transformado o partido “num triste acantonamento guardião dos interesses pessoais de algumas pessoas”.
Numa conferência de imprensa, onde o candidato à liderança, Luís Silveira, não conseguiu chegar devido a atrasos verificados nas ligações aéreas inter-ilhas, foi Rui Meireles, antigo Presidente do CDS Açores e atual Senador nacional dos populares a ser o porta voz, nomeadamente, de um conjunto “de irregularidades e ilegalidades” que estão a ser praticadas pela atual direção do Partido.
“Os órgãos de direção política e permanente do CDS-PP Açores não reúnem em conformidade com os Estatutos há muito tempo”, disse, apontando outras irregularidades que podem, inclusive, colocar em risco a realização do X Congresso Regional, marcado para 7 e 8 de dezembro, na ilha Terceira.
Rui Meireles, que justificou a sua presença “em defesa da dignidade do Partido e da honra das pessoas”, afirmando “estar perfeitamente de acordo, solidário e apoiante” da candidatura de Luís Silveira a Presidente do CDS-PP Açores, começou por dizer: “Infelizmente, nos últimos tempos, o CDS-PP Açores, liderado pelo Dr. Artur Lima, deixou de ser capaz de praticar, no seu interior, o que se propõe defender para a sociedade açoriana, isto é, deixou de ser uma organização assente nos valores da ética, democracia, que ouve as bases e está ao lado de todos os Açorianos, transformando-se num triste acantonamento guardião dos interesses pessoais de algumas pessoas”, disse.
Em causa estão as reuniões dos órgãos de direção do Partido que ou não reúnem conforme os Estatutos ou deliberam de forma irregular, aliás, como já o Conselho Nacional de Jurisdição do CDS determinou.
Segundo disse o Senador do Partido, “desde março de 2017 que a Comissão Diretiva Regional (órgão executivo permanente do Partido nos Açores) não reúne para, entre outras, analisar e aprovar as contas do CDS-PP Açores. De igual modo, desde 2017, a Comissão Política Regional (órgão de direção responsável pela execução da orientação política do Partido nos Açores) sempre que reuniu não o fez em conformidade com as diretrizes legais e estatutárias em vigor, porque não foram convocados alguns dos membros. Neste sentido, foi solicitado ao órgão de fiscalização e jurisdição do CDS que se pronunciasse sobre tais irregularidades, tendo o mesmo considerado que tal não podia acontecer. Sucede que, a última vez que a Comissão Política Regional reuniu, de forma irregular, foi em março deste ano, tendo então aprovado, entre outras, deliberações relativas à marcação do X Congresso Regional do CDS-PP”.
Na sequência da queixa formulada, o órgão nacional de fiscalização e jurisdição do CDS, “após averiguar os factos, deliberou, a 5 de agosto passado, no sentido de declarar nulas todas as decisões então aprovadas, o que obrigaria o Presidente do CDS-PP Açores a convocar, de forma regular e em cumprimento dos Estatutos, nova reunião para voltar a analisar todos os pontos da ordem de trabalhos. De 5 de agosto até hoje, o Dr. Artur Lima não só não convocou os órgãos para reunir, como continuou a sua demanda autocrática, atacando dirigentes e militantes do CDS-PP Açores só porque apoiam a única candidatura anunciada à liderança do Partido, na assunção de que ‘se não estás comigo é porque és contra mim’”, lamentou Rui Meireles.
Assim, e considerando que “não foram regularizadas todas as situações que, por ordem de instância de jurisdição superior, deveriam ter sido sanadas, significa que o Dr. Artur Lima, Presidente do CDS-PP Açores, e o Dr. Alonso Miguel, Secretário-geral do Partido Açores, em conivência e irresponsável atitude, se preparam para dar início à eleição de delegados ao X Congresso Regional, de forma claramente irregular e ilegal. Se foram declaradas nulas as deliberações tomadas na última reunião da Comissão Política Regional, significa que o Regulamento de Eleição de Delegados ao Congresso não está aprovado, não vigora, logo, não pode ser aplicado”.
Neste encontro com a comunicação social, na Praia da Vitória, o porta-voz da candidatura de Luís Silveira revelou que, “pugnando pelo normal, saudável e democrático funcionamento das instituições, neste caso político-partidárias, solicitou-se ao Sr. Presidente do CDS-PP Açores a convocação urgente de uma Comissão Diretiva Regional para sanar as irregularidades que se estão a verificar, bem como para a tentativa do cabal esclarecimento de demasiadas dúvidas. Aguardamos resposta, da mesma forma que, preventivamente, alertamos todos os militantes e dirigentes do Partido, para o facto de não aceitarem participar nas eleições de Delegados ao Congresso, considerando que as mesmas não se podem realizar até à aprovação do Regulamento de Delegados”, até porque o prazo para o início da eleição de Delegados ao Congresso é a próxima sexta-feira, dia 1 de novembro.
A candidatura de Luís Silveira diz lamentar toda esta situação, alegando que “é também por esse motivo” que foi anunciada, “porque, para além das necessárias revisões das políticas públicas defendidas para a valorização da sociedade e da economia açoriana, urge proceder à normalização da vida interna deste Partido. Fique claro que esta candidatura nunca se assumiu contra ninguém, até porque não há ninguém concorrente com esta candidatura, mas surgiu, infelizmente, da necessidade de proceder à normalização da gestão desta organização. Digo infelizmente, porque nesta altura, os Açores e os Açorianos precisavam muito rever-se no CDS e nas suas propostas políticas, como alternativa a um poder socialista de mais de duas décadas e demasiadas lacunas. É por este CDS-PP livre, democrático, próximo das populações e dos seus problemas, contribuindo com propositura para a resolução dos défices de desenvolvimento económico e social que se registam na nossa Região, que aqui estou, que aqui estamos”.
Candidatura Luís Silveira/RL Açores