
A Deputada do CDS-PP Açores Ana Espínola denunciou, esta quinta-feira, que o Governo Regional mandou fechar os laboratórios de análises clínicas da Unidade de Saúde de Ilha de São Jorge, no horário de prevenção, mandando que estes exames passem a ser feitos através do sistema point-of-care (kit descartável de análises clínicas).
Num requerimento entregue no Parlamento Açoriano, a bancada parlamentar popular teme pela qualidade da prestação de serviços de saúde aos utentes de São Jorge e questiona o executivo socialista sobre o eventual alargamento desta orientação às restantes Unidades de Saúde de Ilha das ilhas sem hospital e aos próprios Hospitais E.P.E. .
“A Unidade de Saúde de ilha de São Jorge recebeu indicações por parte da Secretaria Regional da Saúde para que, a partir do próximo dia 1 de Abril de 2014, encerre os serviços de análises clínicas em regime de prevenção”, denuncia Ana Espínola, acrescentando que “a alternativa proposta pela tutela para substituir o funcionamento destes serviços, no horário entre as 16h e as 8h, é a utilização dos equipamentos point-of-care (kit descartável de análises clínicas)”.
Ora, prossegue, “esta Unidade de Saúde de Ilha tem os equipamentos e os recursos humanos necessários que permitem manter o serviço de análises clínicas em funcionamento, como aliás tem acontecido ao longo dos anos”, reforçando que “a ilha de São Jorge não possui hospital e que os profissionais de saúde apenas dispõem dos meios básicos essenciais e fundamentais para que se faça um diagnóstico em situações de emergência”.
A Deputada democrata-cristã frisa também que “as equipas que socorrem os utentes nos serviços de atendimento permanente, após as 16h, são constituídas por um médico, um enfermeiro e um auxiliar”, acentuando que “os laboratórios de análises clínicas funcionam com profissionais de saúde habilitados e que trabalham exclusivamente nessa área”.
Por outro lado, salientam os parlamentares da bancada liderada por Artur Lima, “nos Hospitais E.P.E. da Região também funcionam serviços de análises clínicas em regime de prevenção, ou seja, em horário posterior às 16h”, pelo que questionam se esta orientação da tutela será também estendida às unidades hospitalares.
Em concreto, Ana Espínola, Artur Lima e Félix Rodrigues, perguntam “que critérios foram definidos pelo Governo Regional dos Açores para mandar fechar os serviços de análises clínicas da Unidade de Saúde da Ilha de São Jorge no horário entre as 16h e as 8h?”e “que garantias tem o Governo Regional relativamente à fiabilidade dos resultados clínicos das análises feitas pelo sistema point-of-care?”.
Os populares querem ainda saber se “prevê o Governo dar orientação igual às restantes Unidades de Saúde de Ilha das ilhas sem Hospital?” e se “prevê mandar encerrar também os laboratórios de análises clínicas nos Hospitais E.P.E. da Região, no horário das 16h às 8h, passando este serviço a ser assegurado nas unidades hospitalares igualmente por via dos sistemas point-of-care?”. Em caso de respostas afirmativas, indagam “para quando se prevê o início da utilização dos sistemas point-of-care nas restantes Unidades de Saúde de Ilha das ilhas sem hospital e nos Hospitais E.P.E. da Região?”.
Os Deputados do CDS-PP pretendem obter esclarecimentos sobre “quem vai operar os sistemas de análises clínicas point-of-care?” e perguntam se “o sistema point-of-care substituirá integralmente os laboratórios de análises clínicas?”, solicitando que, em caso de resposta afirmativa, o executivo socialista diga “quando prevê desmantelar todos os laboratórios de análises clínicas?”.
Ana Espínola questiona ainda sobre “qual o montante que o Governo Regional dos Açores estima reduzir nas despesas das unidades de saúde com o sistema point-of-care?”, “qual o custa de cada análise no sistema point-of-care e no laboratório de análises?”, “qual é o fornecedor do sistema point-of-care?” e “quais os parâmetros analisados pelo sistema point-of-care?”.
Os parlamentares centristas lembram que na Região “não podem existir Açorianos de primeira, nem Açorianos de segunda categoria, e que todos devem ter igual tratamento e acesso a cuidados de saúde”.