
O Secretário Regional da Agricultura e Florestas afirmou que, “se o setor agrícola açoriano está como está do ponto de vista da modernização, do desenvolvimento e da criação de valor, isso deve-se à estratégia que Governo dos Açores teve nos últimos”.
João Ponte salientou, no entanto, que “a estratégia tem de ser afinada em função das expetativas e dos desafios que temos para o futuro e daquilo que consagra o Programa do Governo que foi aprovado há pouco tempo e a que o Orçamento dá corpo”.
Essas políticas assentam numa estratégia de valorização do setor, de procura de novos mercados, de aposta na modernização das infraestruturas de caminhos, água e eletricidade, onde foram investidos 60 milhões de euros nos últimos 10 anos, e de dar instrumentos para que os produtores e a indústria se consigam modernizar.
“É isso que cabe ao Governo Regional no setor agrícola”, afirmou o titular da pasta da Agricultura, que falava quinta-feira, em Ponta Delgada, no debate sobre o tema “A Agricultura nos Açores: o Presente e as Perspetivas de Futuro”.
Neste debate, organizado pelo Colégio de Engenharia Agronómica da Região Açores da Ordem dos Engenheiros, João Ponte destacou que os Açores duplicaram a sua produção de leite, passando de 307 milhões de litros em 1992 para 610 milhões em 2015, acrescentando que um terço do leite produzido no país e 50% do queijo nacional são produzidos nos Açores.
Por outro lado, salientou que a produtividade média por exploração passou de 184 mil litros para 240 mil litros, o que representa um crescimento superior a 30%.
Também a indústria se modernizou com a aplicação de 120 milhões de euros nos últimos 20 anos, o que significa um investimento muito significativo em eficiência e em capacidade de transformação produtos diferenciados e de maior valor.
Quanto aos grandes desafios para esta fileira, nomeadamente a extinção das quotas leiteiras, o embargo russo e a retração do consumo em alguns mercados importadores, João Ponte defendeu a necessidade de uma resposta europeia porque radicam em decisões europeias.
Há, no entanto, a registar uma tendência de subida nos mercados nacionais e europeus, tendo o Secretário Regional afirmado que “é expectável e necessário que esta tendência se mantenha e seja generalizada aos Açores”.
Na fileira da carne, o investimento já realizado e em curso na rede regional de abate, num valor de 15 milhões de euros em quatro matadouros, aliados aos mecanismos de ajuda ao abrigo do POSEI, impulsionaram este setor para novos níveis de competitividade.
Em 2016, registaram-se 71 mil animais abatidos, dos quais 55% para exportação, o que representa um aumento exponencial, se comparado com apenas 8.000 animais abatidos em 2006.
Na diversificação agrícola, a produção de horticultura, fruticultura e floricultura tem progredido de forma assinalável, com um aumento de produtores, que passaram de 191 em 2007 para 720 em 2015.
Também a área cultivada passou de 411 hectares para 1.061 no mesmo período.
Relativamente à área de produção da vinha, passou de pouco mais de 100 hectares em 2004 para quase 500 hectares previstos para 2020, tendo a produção de vinho registado também um aumento significativo, passando de pouco mais de meio milhão de litros em 2012 para um milhão de litros em 2015.
“O Governo dos Açores está disponível para, estrategicamente e em conjunto com as organizações do setor agrícola e de todos os setores de atividade económica da Região, olhar o futuro da economia dos Açores e definir linhas de ação quanto ao desenvolvimento no arquipélago”, afirmou o Secretário Regional.
Para João Ponte, “mesmo com os desafios conhecidos, a agricultura continua a ser a espinha dorsal do sistema económico açoriano”, acrescentando que “as produções tradicionais agrícolas e, designadamente a produção de leite, são determinantes para o desenvolvimento sustentado do território e geradoras de emprego, integração e bem-estar das populações”.
Os agricultores estão cada vez mais profissionais, mas a atividade é cada vez mais exigente, por isso, nos últimos 10 anos foram aplicados 90 milhões de euros na modernização das explorações.
Um dos grandes desafios é o rejuvenescimento do setor, possuindo os Açores uma população agrícola das mais jovens do país, registando 258 primeiras instalações entre 2007 e 2016, num investimento total de 9,6 milhões de euros.
A Região tem apostado grandemente na formação como forma de assegurar o desenvolvimento agrícola, sempre numa perspetiva de futuro sustentável.
Os programas de desenvolvimento rural da Região Autónoma dos Açores têm permitido aos agricultores o acesso aos fundos comunitários, fundamentais não só para a modernização das explorações, mas também para a fixação das populações nas zonas rurais e para a dinamização de todas as fileiras.
No anterior Quadro (2000-2013) foram aplicados 575 milhões de euros, enquanto no atual (2014-2020) a dotação é de 340 milhões de euros, com uma taxa de execução que atinge já os 25%.
João Ponte frisou que “a produção e a indústria têm os seus desafios, especialmente ao nível dos mercados, mas todos os investimentos feitos nos últimos anos na Região, na produção e na transformação, são um sinal de confiança, um sinal de que o setor continuará a ter futuro”.
“É objetivo do Governo Regional consolidar e estimular as cadeias de valor, através do reforço da competitividade e do potencial exportador da fileira estratégica do leite com vista ao benefício de todos os intervenientes e continuar a promover a diversificação agrícola de forma continuada e com base num planeamento estratégico adequado a cada uma das ilhas em estreita articulação com as organizações e produtores”, assegurou João Ponte.
GaCS/RL Açores