“Maria Machado – A Lutadora das Letras” – a jorgense que lutou contra o regime salazarista em exposição no Museu Francisco Lacerda (c/áudio)

Maria Machado – A Lutadora das Letras é a exposição biográfica que o Museu Francisco Lacerda tem patente para celebrar o Dia Internacional dos Museus. A Exposição ficará no Museu até ao dia 30 de setembro.

Natural de São Jorge, da freguesia da Ribeira Seca, uma das primeiras mulheres a divorciar-se nos Açores e mudando-se para Lisboa para lecionar, Rubina, pseudónimo adotado, foi uma opositora ao regime sem nunca esquecer a sua terra e a vontade de ensinar, profissão que lhe foi retirada pelo regime salazarista.

Pelo Dia Internacional dos Museus, que se assinalou esta quinta-feira, o Museu Francisco Lacerda homenageia sempre uma personalidade ligada à ilha.

Este ano a homenagem é feita a Maria Machado, que nesta exposição ganhou o título de Lutadora das Letras, como fez saber Virgínia Reis, Diretora do Museu Francisco Lacerda.

Perseguida pela PIDE, presa em Caxias e na Cadeia das Mónicas pelo regime, por pertencer ao PCP, Rubina, pseudónimo adotado, viu muitos dos seus textos e cartas censuradas, sendo sublinhadas pelo chamado Lápis Azul, algo que está patente na exposição, conta Alexandra Gomes, a Comissária da Exposição.

Uma forma de perceber também que a censura era aplicada a todo o tipo de publicações, fossem elas cartas ou artigos de imprensa.

Maria Machado tinha intenção de criar uma biblioteca na Ribeira Seca, mas devido à repressão cultural da época muitos dos livros por ela enviados não chegaram ao destino, sendo que os que chegaram foram recentemente cedidos ao Museu Francisco Lacerda por António Dias, que detinha o espólio da Lutadora das Letras.

Esta quinta-feira, de forma a assinalar o Dia Internacional dos Museus, e associado à Exposição, a Associação Grupo de teatro Iuventute Virtutis apresentou também a curta de teatro intitulada “A Rubina” construída a partir de textos de Maria Machado.

Maria Machado nasceu em 1890 na Ribeira Seca, na ilha de São Jorge. Foi professora primária de profissão, pelo que dedicou a sua vida à instrução de crianças e adultos. Nos anos 30, após a sua mudança para Lisboa, tornou-se num membro notável do Partido Comunista Português, tendo combatido a ditadura salazarista na clandestinidade através da direção de uma tipografia do “Avante!”. Durante estes duros anos, Maria Machado continuou a sua obra de ensino a trabalhadores analfabetos e de implantação de bibliotecas em comunidades desfavorecidas.

Liliana Andrade/RL Açores