O Secretário Regional da Educação e Cultura afirmou esta segunda-feira, em Ponta Delgada, que a cultura “não é monopólio de meia dúzia de sábios ou de uma dúzia de intelectuais”.
Avelino Meneses, que falava, em representação do Presidente do Governo, no lançamento do livro ‘João Luís Mariano – O Cantador das Capelas’, de Liduíno Borba e José Fonseca Sousa, frisou que a cultura “não é apenas, nem sequer predominantemente, feita em escolas, institutos e academias”.
“Como disse e bem Teresa Rita Lopes, a cultura é uma produção de ar livre dependente da participação de todos nós”, afirmou, acrescentando que “quem ignorar esta verdade indesmentível engana-se a si próprio e engana a comunidade dos seus concidadãos”.
Para Avelino Meneses, nos Açores, as cantorias e os cantadores são “depositários da sabedoria e da tradição populares” e, como tal, são a expressão cultural de uma comunidade que “se exprime livremente, alheia aos grilhões de qualquer espécie”.
O Secretário Regional salientou ainda que a cultura “distingue-se pela simplicidade, jamais pela complexidade”, considerando que entre “os melhores cantadores figuram naturalmente aqueles que exprimem a criatividade inata, depois moldada pela perspicácia e pela aprendizagem da maneira mais rápida e mais simples”.
Avelino Meneses considerou, por isso, “oportuno” que se registe em livro “esta poesia popular”, já que, tendo em atenção o “caráter efémero do ato de cantar, perderemos hoje, como ontem, criações poéticas de qualidade invulgar”.
“Felizmente que, em redor das cantorias, nem tudo são preocupações”, afirmou, salientando que “a penetração no meio urbano, depois de ter sido predominantemente uma diversão de rurais, a multiplicação dos cantadores, cada vez mais alfabetizados, e a adesão da juventude, a contrariar o tradicional predomínio dos mais velhos, prognosticam um futuro promissor para as cantorias e para os cantadores”.
GaCS/RL Açores