“A nossa posição periférica é uma espécie de interioridade dentro da litoralidade” – afirmou hoje a Presidente da Assembleia no Parlamento dos Jovens do Ensino Secundário – “A nossa desertificação é, não apenas do mundo rural para o mundo urbano; é também das ilhas mais rurais para as ilhas onde a empregabilidade é mais fácil e as oportunidades mais vastas. A “fuga” da ruralidade é dupla e atinge principalmente os jovens, e de um modo mais premente, após os estudos secundários.
A nossa ultraperificidade é uma espécie de interioridade banhada pelo oceano atlântico e com duplas penalizações, porque as nossas estradas são feitas de água e de ar e são, economicamente, mais difíceis de atravessar.
Socialmente são também mais vulneráveis a fatores externos, designadamente climatéricos, que dificultam as comunicações e a rapidez de deslocação.”
Ana Luísa Luís abria assim o tema de debate do Ensino Secundário nesta vigésima edição do Parlamento dos Jovens “Portugal: assimetrias litoral/interior. Que soluções?”, lembrando o desenvolvimento das comunicações e melhoria das acessibilidades que se registou nos Açores nos últimos anos.
A Presidente realçou que ainda não foram encontradas soluções milagrosas para o fenómeno das assimetrias que afeta o nosso país, e apontou algumas razões: “O nosso país orientou-se para o mar, por imperativos geográficos e a economia seguiu essa direção, com os decisores políticos e a iniciativa privada a dotarem as zonas litorais de serviços, empresas, infraestruturas, que favoreceram a criação de oportunidades.
O investimento multiplicou-se e a população concentrou-se cada vez mais nas zonas onde via maiores possibilidades de sucesso, de abundância, de desenvolvimento pessoal e coletivo. Esta situação gerou uma assimetria em Portugal.”
Como politicamente as decisões assentam também nos números de concentração, a Presidente convidou à reflexão sobre o envelhecimento das nossas ilhas e lembrou que “se o comportamento populacional for claro no seu apoio à coesão, estimulará as deliberações no sentido do equilíbrio, da coerência, da harmonia e da equidade.”. E reforçou que a reflexão “sirva para despertar em vós a consciência da importância das decisões e da força da coesão.”
Ana Luísa Luís considerou este um desafio que os jovens poderão ultrapassar, insistindo nas virtualidades da democracia e desejando que a experiência “parlamentar” deste dia enriquecesse e motivasse os alunos ao nível da realização pessoal e do desenvolvimento das comunidades.
“Incentivo a vossa reflexão também neste sentido da litoralidade e da interioridade das ilhas. – concluiu a Presidente da Assembleia Legislativa – Com a riqueza e a diversidade do vosso pensamento, certamente os Açores garantirão a sua esperança no amanhã.”
GI ALRAA/RL Açores