O Projeto de Resolução do CDS-PP Açores que recomenda ao Governo Regional a adoção de medidas preventivas que permitam reduzir o número de carcaças de má qualidade abatidas nos matadouros da rede regional de abate foi aprovado por unanimidade, no final de tarde da passada terça-feira.
Graça Silveira, Vice-presidente do Grupo Parlamentar popular frisou que “a conjugação do aroma, do sabor e da suculência com a ternura são expectativas sensoriais que o consumidor deseja satisfazer ao consumir carne de bovino dos Açores”, explicando que “estas expectativas são, por vezes, goradas, porque se tem registado um número indesejável de carcaças que apresentam um defeito de qualidade altamente penalizador”, denominadas de carcaças DFD (Dark, Firm, Dry), ou seja, escura, rija e seca, e como tal, “pouco atrativa para os consumidores”.
O CDS-PP recorda que a “elevada incidência” de carne DFD em carcaças abatidas nos Açores “levou a que uma importante cadeia nacional de distribuição a retalho tenha devolvido à procedência várias carcaças devido a valores de PH demasiado elevados”, prejudicando grandemente os produtores que “vêm o resultado do seu trabalho ir parar ao lixo ou completamente desvalorizado”.
“Esta incidência da carne DFD contribui para uma má imagem da qualidade da carne dos Açores, mas mais grave, penaliza os produtores pelas perdas económicas resultantes da devolução das carcaças, os quais são alheios a esta situação”, lamentou Graça Silveira.
A bancada parlamentar democrata-cristã exigiu, por isso, que o Governo açoriano identifique os fatores que dão origem a estas carcaças de má qualidade, que crie medidas para reduzir estes casos e que apresente no Parlamento um relatório, dentro de 90 dias, sobre as medidas adotadas.
Para esta recomendação Graça Silveira baseou-se num estudo recente realizado na Universidade dos Açores que “revelou uma elevada taxa de incidência da condição DFD na carne de bovinos abatidos no matadouro da Ilha Terceira (30% das carcaças com pH indicador de DFD status)”.
Para os populares açorianos não vale a pena certificar a carne dos Açores e depois registarem-se situações deste tipo na rede regional de abate: “a qualidade das pastagens e o maneio dos animais são fatores que influenciam o sabor e aroma da carne dos Açores, contribuindo para uma qualidade organolética distintiva desta carne. Tendo em conta a potencialidade de apresentar um produto de qualidade distinta, moldado pelo saber fazer dos produtores, a Região solicitou a sua proteção, tendo a carne dos Açores sido reconhecida, em 2003, pela Comissão Europeia, como Indicação Geográfica Protegida (IGP)”.
Ora, salienta Graça Silveira, “a persistência desta ocorrência é reveladora do desinteresse e da incapacidade das entidades responsáveis para pugnarem por um produto de excelência que dignifique os Açores”.
GI CDS-PP Açores/RL Açores