
A Associação Ecológica Amigos dos Açores manifestou hoje “discordância profunda relativamente à alteração proposta à Assembleia Legislativa Regional, a qual visa autorizar excecionalmente a pesca de atum com arte de salto e vara em todas as zonas de proteção total da Rede de Áreas Marinhas Protegidas dos Açores (RAMPA)”.
A associação justifica o seu parecer alegando que a aprovação da exceção da pesca de atum em todas as áreas com nível de proteção total “fará com que nos Açores restem 0% de reservas integrais”.
Para a associação Amigos dos Açores, na proposta “é ignorado que a pesca de salto e vara de atum, embora se trate de um método de pesca artesanal seletiva, representaria riscos de distúrbio de outras espécies aquáticas e de ecossistemas protegidos, com a presença de embarcações e geração de ruído e resíduos, entre outros impactes”.
“A proposta em análise tem, por isso, impactos reputacionais ao nível institucional, particularmente no âmbito da política internacional e da reputação turística, bem como, eventualmente, no âmbito da gestão partilhada do mar”, aponta a associação, no seu parecer.
A associação Amigos dos Açores sublinha que, com a aprovação da RAMPA, os Açores “atingiram um papel de destaque no contexto internacional, com a pioneira classificação de 15% da Zona Económica Exclusiva como reserva marinha totalmente protegida, superando o objetivo internacional da classificação de 10%”.
“Não é compreensível a proposta de pesca de atum em todas as áreas com nível de proteção total, sem qualquer fundamentação da importância económica que cada uma destas áreas representaria para a economia regional”, argumenta ainda a associação.
Os Amigos dos Açores entendem que a pesca de atum “é uma atividade económica relevante e que deve ser valorizada”, considerando, no entanto, que a proteção projetada pela RAMPA poderá ser “um garante de regeneração do oceano e de alavancagem da sua economia”.
RL/AA