
O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) garantiu esta sexta-feira que os eventos da crise sísmica na ilha de São Jorge continuam entre os 7,5 e os 12 quilómetros de profundidade, recusando uma migração para a superfície.
Em declarações aos jornalistas, em São Jorge, o presidente do CIVISA, Rui Marques, assegurou que “não é verdade” que tenha havido uma aproximação dos sismos da superfície terrestre, recusando a ideia de uma redução da “profundidade hipocentral” da crise sísmica, situada no sistema fissural vulcânico de Manadas.
O que aconteceu, explicou, foi terem-se registado “sete sismos” com “profundidade ligeiramente inferior” na Ponta dos Rosais, também na ilha de São Jorge, estando “por explicar” a relação entre estes eventos e os que começaram em 19 de março entre a vila das Velas e a Fajã do Ouvidor.
“Esta situação não deve alarmar e não devemos considerar que há uma migração da profundidade para a superfície [terrestre]”, vincou.
“Na quinta-feira houve a indicação de que a profundidade hipocentral dos sismos estava a reduzir-se. Não é verdade”, garantiu.
De acordo com o responsável do CIVISA, “a concentração de sismos continua a localizar-se entre os 7,5 e os 12 quilómetros de profundidade”.
“Grande parte da sismicidade situa-se no sistema fissural vulcânico de Manadas. Nos Rosais houve apenas sete eventos. É difícil perceber a ligação entre os primeiros e estes sismos de menor profundidade [na Ponta dos Rosais]”, esclareceu.
Rui Marques indicou que, neste local, o mais recente evento foi registado “às 09:30, com magnitude de 1,4”.
O Farol da Ponta dos Rosais, agora interditado pela Proteção Civil devido aos sismos ali registados, entrou em funcionamento em 1958, mas está ao abandono desde 1980, depois de ter sido fustigado por vários eventos de natureza sísmica ao longo dos anos.
A ilha de São Jorge, nos Açores, registou perto de 25 mil sismos desde 19 de março, dos quais 221 foram sentidos pela população, revelou hoje o presidente do CIVISA.
O sismo mais energético desde o início da crise ocorreu na terça-feira, às 21:56 locais (22:56 em Lisboa), e teve magnitude 3,8 na escala de Richter, segundo o CIVISA.
De acordo com a escala de Richter, os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequenos (2,0-2,9), pequenos (3,0-3,9), ligeiros (4,0-4,9), moderados (5,0-5,9), fortes (6,0-6,9), grandes (7,0-7,9), importantes (8,0-8,9), excecionais (9,0-9,9) e extremos (quando superior a 10).
A ilha está com o nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de seis, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.
Jornal Açores9/RL Açores
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