Subprodutos do Matadouro de São Jorge deixados a céu aberto geram polémica na ilha (c/áudio)

A RL Açores teve acesso a fotografias (consultar abaixo) que ilustram o que se tem passado nas imediações do Matadouro de São Jorge durante estes dias.

Com moscas a pairar sobre os subprodutos depositados em caixas e que em dias de pleno sol, como o dia em que foram tiradas estas fotografias, o cheiro torna-se praticamente insuportável.

A situação está relacionada com a selagem dos aterros sanitários onde eram depositados e até mesmo enterrados estes materiais de risco, nomeadamente conteúdos intestinais dos animais abatidos.

No entanto, a RL Açores sabe que com o fecho das lixeiras, todo esse tipo de subprodutos, está a ser embalado em contentores de frio e em caixas que são colocadas nas imediações do matadouro e que geram um cheiro nada agradável, segundo foi comunicado à RL Açores.

Ao que a RL Açores conseguiu apurar o problema prende-se com uma questão logística, isto porque os contentores de frio que levam esses subprodutos, via marítima até à Terceira, a maior parte das vezes não chegam atempadamente a São Jorge, sendo que ao que conseguimos apurar os contentores ficam cheios rapidamente.

A nossa reportagem soube ainda que quando os contentores estão cheios, é aberta uma vala, a céu aberto, junto ao Matadouro, onde são depositados os subprodutos. Uma medida que foi tomada contra as orientações higiotécnicas do Inspetor Sanitário do Matadouro com quem a RL Açores conseguiu chegar à fala.

Ao que conseguimos apurar a situação tem gerado algum alarme entre a população, podendo mesmo gerar um problema de saúde pública, como nos foi adiantado.

A nossa reportagem sabe ainda que um mês antes de os aterros serem selados, o Matadouro adquiriu um novo camião para transportar os subprodutos para a lixeira que agora não tem qualquer utilidade.

Contactada pela RL Açores, a presidente do Instituto de Alimentação e Mercados Agrícolas (IAMA), desvalorizou a questão, esclarecendo que a solução existente é a mais adequada.

Quanto à questão do cheiro, Maria Carolina Câmara garante que vão redobrar os cuidados.

A presidente do IAMA diz ainda não haver qualquer hipótese de se gerar um problema de saúde pública.

Governo esclarece situação

Entretanto, o Governo Regional, através da Secretaria Regional da Agricultura e Florestas, emitiu um comunicado a esclarecer a situação, dizendo que as caixas que armazenam os subprodutos são introduzidas diariamente em contentores de frio, colocados nas imediações do edifício do Matadouro, que, desde 2 de maio, são enviados para a Central de Valorização Energética da ilha Terceira.

A Secretaria Regional diz ainda que “é falso que, quando as caixas e os contentores estão cheios, os subprodutos sejam depositados numa vala junto ao edifício do Matadouro de São Jorge”.

Apesar do Matadouro estar localizado numa zona isolada e os subprodutos serem colocados diariamente em contentores fechados, o IAMA está a adquirir equipamento que vai permitir reduzir o tempo de exposição dos subprodutos ao ar livre, pode ler-se ainda no esclarecimento em causa, que adianta ainda que a saúde pública não está posta em causa e que as condições hígio-sanitárias estão totalmente acauteladas.

 

Liliana Andrade/RL Açores

 

Fotografias: ©Direitos Reservados