BE acusa Governo Regional de estar a preparar a criação de um offshore na ilha Terceira

O anúncio de criação do Azores Business Center “indicia que o Governo Regional quer aproveitar a situação difícil que se vive na ilha Terceira e, em particular no concelho da Praia da Vitória, para fazer parceria com a ilegalidade internacional – a qual promove a fuga fiscal e a lavagem do dinheiro que rouba aos trabalhadores de todo o mundo, para a luxuria de uns poucos – implantando, na Terceira, um offshore”, disse a deputada Zuraida Soares, lembrando que se tratam de “zonas de proteção especial para que empresas e dinheiros dos diversos tráficos estejam a salvo de sindicância e de impostos que deveriam pagar nos seus países de origem”.

A deputada do BE, considera que o Governo de Vasco Cordeiro e de Sérgio Ávila pretende fazer concorrência, nos Açores, ao offshore da Madeira, “o mesmo que tanto criticaram, ao longo destes últimos anos” e que tem sido um desastre para o povo da Madeira, fazendo mesmo com que a Região tenha perdido mais de mil milhões de euros de apoios europeus.

Além disso, a maioria das empresas inscritas em offshores nem sequer cria emprego. Para o comprovar, basta reparar que no offshore da Madeira estão registados 1700 navios, mas apenas 1477 tripulantes. Não só existem mais navios do que tripulantes, como estes tripulantes nem sequer estão na Região da Madeira.

Sobre a utilidade e finalidade dos offshores, recorde-se que “o senhor vice-presidente do Governo Regional, aquando do anúncio do fecho do offshore da ilha de Santa Maria, em 2011, declarou o seguinte: “Não faz sentido ter uma zona franca” porque “do ponto de vista financeiro, as zonas francas não trazem benefícios para as regiões onde se inserem, trazendo em contrapartida, uma potencial falta de transparência”.

Para fazer face às dificuldades económicas geradas pela redução da presença militar norte-americana na Base das Lajes, o Bloco de Esquerda sempre defendeu que a Administração dos EUA e Governo da República devem assumir as responsabilidades, e garantir a majoração dos apoios sociais aos trabalhadores despedidos, bem como o reforço do investimento regional e nacional na ilha Terceira, assim como condições atrativas, a vários níveis, para a implantação de novas empresas na ilha.

A solução para a economia da Terceira não pode ser a criação de uma zona franca, porque “numa zona franca só há caixas-postais, não há postos de trabalho”, disse Zuraida Soares.

Numa declaração política proferida esta manhã, a deputada do BE pediu ao Governo que esclarecesse categoricamente se vai ser criada uma zona franca na Terceira. De acordo com a nota do BE, o Governo indignou-se com a pergunta, mas nunca respondeu.

“A consumar-se este desígnio, com esta faceta, na nossa Região, será uma vergonha para o Partido Socialista e para seu governo, pondo a nu o tipo de interesses que privilegia”, concluiu a deputada do BE.

GI BE Açores/RL Açores