As palavras do João – A visita que acabou em cimeira A cimeira governamental decorrida nos Açores nesta passada semana, do ponto de vista das grandes conquistas do Governo Regional dos Açores desde o início da sua governação, poderá ser considerada o grande momento da governação açoriana. Esta cimeira, porque é do que efetivamente se trata este encontro por ter acontecido ao mais alto nível, se bem que no âmbito de uma anunciada primeira visita oficial deste Primeiro Ministro aos Açores, sagrou-se num sucesso para a Região Autónoma, de todo surpreendente, sobretudo pela atitude sensata e inteligente do Presidente do Governo Regional que soube tornear as contrariedades decorrentes de estar a negociar com o líder máximo na República do partido da sua maior oposição e os motivos certamente eleitoralistas que levam Passos a ceder. Fica, todavia, o facto do Primeiro Ministro ter anuído em liberalizar o espaço aéreo dos Açores desfazendo um braço de ferro histórico mantido ao longo de anos, vai-se lá saber porquê. A baixa de impostos foi outro ponto importante que saiu desta visita de Passos aos Açores. Recordemos que nesta matéria é pretensão de Vasco Cordeiro apresentar no debate do Orçamento do Estado uma proposta para que o diferencial fiscal nas ilhas volte aos trinta por cento, como acontecia no ano passado, se bem que a revisão da lei das finanças regionais o tivesse colocado nos vinte por cento. Neste particular, o Primeiro Ministro, embora aceite rever o diferencial fiscal, não fixa nem prazos nem valores. A nódoa desta visita fica sendo a Base Aérea das Lajes quando Coelho chumba o plano de revitalização económica para a Base apresentado pelo Governo Regional. Pergunta-se a propósito o que faz no governo do Estado a ex-líder do PSD nos Açores, Berta Cabral, que chegou a ser candidata a presidente do Governo Regional, ainda por cima com altas responsabilidades na área da defesa, na sua qualidade de Secretária de Estado. Pouco ou nada que nos sirva, do ponto de vista de influenciar o governo da República, bem como de intervenções diplomáticas mais incisivas junto de Washington. O mesmo não acontece com Vasco Cordeiro, que em sucessivas deslocações e intervenções insistentes junto de congressistas e senadores de origem açoriana, mas também de emigrantes das ilhas, vem conseguindo que sejam aprovadas iniciativas legislativas que, de há dois anos a esta data, atrasam a execução da decisão inicial de Obama de extinguir a Base Aérea das Lajes. Recordemos que vindo a confirmar-se a redução da presença militar e civil nas Lajes, haverá uma perda de 60 por cento dos postos de trabalho portugueses na Base, a perda de mais de 65 por cento dos postos indiretos na economia local e um aumento de aproximadamente 40 por cento da taxa de desemprego na Terceira, o que significará numa redução do PIB na ilha de menos de 7 por cento ao ano, por consequência uma diminuição de 1,5 por cento do PIB da Região Autónoma. Tirando estes desfechos menos positivos, conclui-se pela importância da repetição destas visitas, logo que acompanhadas de um elevado sentido de Estado, assim o queiram responsáveis pelos governos da República, deixando os proveitos partidários nos gabinetes de Lisboa e observando, sobretudo, os superiores interesses das povo açoriano. João Gago da Câmara