Deputado do PCP critica falta de humildade democrática do Governo Regional do PS

No âmbito da sua intervenção no encerramento do debate do Plano e Orçamento da Região para 2017 o deputado do PCP, João Paulo Corvelo, acusou o Governo Regional e o PS de “falta de humildade democrática.

“Perante estes lugares-comuns, tão do agrado do PS, não podemos deixar de lhe recomendar um pouco mais de humildade democrática, algo que só lhe ficaria bem. Até porque antes de utilizar estes chavões deve sempre ter presente, e sem por em causa a legitimidade do PS em governar, que: primeiro: nem todos os açorianos das nove ilhas da Região se dispuseram a sufragar maioritariamente esta governação,

Segundo: as elevadíssimas taxas de abstenção verificada nos círculos eleitorais que mais contribuíram para a obtenção da sua maioria, são, um sério alerta da descrença que antecede a decisão da mudança”.

João Paulo Corvelo referiu que vinha para este debate com outras expetativas, dizendo mesmo que o PCP tinha “a expectativa, de que em sede de discussão Parlamentar, o Grupo Parlamentar do PS, partido do Governo, demonstrasse suficiente capacidade política para entender e interpretar as mensagens que os Açorianos das diferentes ilhas, lhe fizeram chegar sobre estes documentos,tínhamos a expectativa que o Grupo Parlamentar do PS demonstrasse capacidade de diálogo para discutir e acolher as propostas aqui apresentadas, de modo a que estes documentos merecessem um apoio alargado, e se transformassem num guia para o desenvolvimento harmonioso do arquipélago no seu todo, e de todas, e de cada uma das suas nove parcelas”.

O comnista acrescentou ainda que tinha “a expectativa de que, durante o debate parlamentar, o Governo nos esclarecesse cabalmente todas as questões e perguntas que legitimamente lhe colocássemos, e fosse demonstrada abertura ao diálogo para aceitar as nossas propostas de alteração.”

Para João Paulo Corvelo, “o debate do Plano e Orçamento foi elucidativo quanto à incapacidade do PS para entender as mensagens dos Açorianos”.

Para Corvelo, era “muito melhor que o PS, em vez da bazófia dos estafados chavões, levasse mesmo muito a sério as mensagens dos açorianos”.

“Assistimos, neste debate, ao frequente atirar com números e estatísticas, que de tão bons, fazem o governo e o seu Partido parecerem Narcisos enamorados com a sua própria beleza. Ele são números do sucesso educativo, ele são números de crescimento do PIB regional, ele são números de crescimento do turismo. Mas todos eles muito convenientemente referidos num todo regional.  Como se a Região fosse homogénea, como se o grau de desenvolvimento fosse igual em todas as nove ilhas”, retorquiu o parlamentar.

O deputado acusou ainda o Governo Regional de apostar “na centralização do desenvolvimento regional num único pólo. Ou seja: o recuperar de uma matriz, que julgávamos definitivamente enterrada: de que os Açores são apenas uma metrópole e uma periferia, o resto que está à volta da Metrópole e “as ilhas” – para não dizer mesmo “as ilhas de baixo””.

João Paulo Corvelo lamentou ainda que fique, neste debate, “bem registada a postura do Governo, de recusar responder e esclarecer, no Plenário, as questões e perguntas que lhe foram formuladas”.

“Mas, mais grave ainda, indicia que mesmo as intenções do Governo, contidas no Plano e Orçamento estão apenas no papel e é isso que valem, pois uma coisa é estarem inscritas no Plano e Orçamento, outra bem diferente é assumir, como se exigia, publicamente e perante esta Assembleia,o compromisso da sua execução e calendarização”, afirmou o deputado do PCP.

O PCP que até vinha com outras expetativas para o debate frisou que “o Plano e Orçamento e o Plano a Médio Prazo, que serão postos à votação, não contêm as medidas, nem as opções políticas que consideramos necessárias e essenciais para que possam merecer o nosso voto favorável”, deixando assim claro que desta forma o PCP “votará contra o Plano a Médio Prazo e o Plano e Orçamento para 2017”.

GI PCP Açores/RL Açores